Defensor dos assentamentos da Cisjordânia é nomeado novo embaixador israelense no Brasil

Daniel Dayan, former chairman of the West Bank settlement council. Photo: Wikimedia Commons

Daniel Dayan, ex-presidente do conselho dos colonos da Cisjordânia. Foto: Wikimedia Commons

Israel nomeou como novo embaixador no Brasil o famoso defensor dos assentamentos na Cisjordânia Dani Dayan. Dayan é publicamente contra à chamada “solução de dois Estados” e já declarou anteriormente que “aqueles que acreditam nela são ou ingênuos ou mentirosos”.

O Brasil reconheceu oficialmente o estado palestino em dezembro de 2010, mas não estabeleceu laços diplomáticos completos com instituições palestinas.

Depois da ofensiva de Israel à Faixa de Gaza em julho de 2014, o Brasil convocou seu embaixador em Tel Aviv para consulta, levando o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, a lamentar a decisão e chamar o Brasil de “anão diplomático” e “parceiro diplomático irrelevante”.

O primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu confirmou a nomeação de Dayan em seu Twitter:

Eu nomeei @dandayan embaixador no Brasil. Estou confiante que ele será capaz de fortalecer as relações entre Brasil e Israel.

Nascido na Argentina, Dani Dayan, 59, atua como representante internacional do Conselho Yesha, uma organização que promove assentamentos judaicos na Cisjordânia e, até 2005, também na Faixa de Gaza. Ele foi presidente da organização entre 2007 e 2013.

Em 2012, ele assinou um artigo no jornal americano The New York Times com o título “Os assentamentos vieram para ficar“, no qual argumenta que Israel “tomou legitimamente” a Cisjordânia e a Faixa de Gaza em 1967 e possui uma “reivindicação moral” sobre esses territórios:

Giving up this land in the name of a hallowed two-state solution would mean rewarding those who’ve historically sought to destroy Israel, a manifestly immoral outcome.[…] The insertion of an independent Palestinian state between Israel and Jordan would be a recipe for disaster. The influx of hundreds of thousands of Palestinian refugees from Syria, Lebanon, Jordan and elsewhere would convert the new state into a hotbed of extremism. […] The American government and its European allies should abandon this failed formula once and for all and accept that the Jewish residents of Judea and Samaria are not going anywhere.

Desistir desta terra em nome de uma solução sacralizada de dois estados significaria premiar aqueles que historicamente buscaram destruir Israel, um objetivo claramente imoral. […] A inserção de um estado palestino independente entre Israel e a Jordânia é receita para o desastre. O fluxo de centenas de milhares de refugiados palestinos da Síria, Líbano, Jordânia e de outros lugares converteriam esse novo estado em um ninho de extremismo. […] O governo norte-americano e seus aliados europeus deveriam abandonar essa fórmula fracassada de uma vez por todas e aceitar que os residentes judeus da Judéia e da Samaria não irão a lugar algum.

Dayan se opõe publicamente aos atos violentos perpetrados por colonos israelenses extremistas, como o ataque da semana passada que matou um bebê palestino de 18 meses e deixou sua família ferida. Ele diz que esses ataques ameaçam a credibilidade do movimento em prol dos assentamentos.

Para Yariv Oppenheimer, diretor da ONG Peace Now, que atua em defesa da solução de dois estados, Dayan se tornou uma espécie de “rosto racional” dos colonos. Ele afirmou à publicação Forward.com no ano passado:

“He has the same agenda as the most fanatic, right wing settlers. But he has this ability to hide it and to speak with the public with a much more sensible argument and a much more moderate image”

“Ele tem o mesmo objetivo dos colonos mais fanáticos e de direita. Mas ele tem essa habilidade de esconder isso e de falar com o público de uma maneira sensata e com uma imagem mais moderada”

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.