Protestos contra censura na China

Raros protestos contra censura de imprensa na China estão se espalhando online e offline [en]. Os protestos começaram depois que um editorial do jornal Southern Weekend, também conhecido como Southern Weekly, foi censurado e reeditado pelo departamento de propaganda da província de Guangdong.

O incidente da censura

O editorial de ano novo de 2013 do Southern Weekend, “O sonho da China, o sonho de constitucionalismo”, foi reescrito sobre pressão de Tuo Zhen [en], chefe do Departamento de Propaganda de Guangdong. O novo editorial foi publicado, no dia 2 de janeiro de 2013, com a manchete: “Sonhos são a nossa promessa do que deve ser feito”. A intervenção resultou em uma ação coletiva de jornalistas e funcionários da redação, que exigiram uma ampla investigação.

Mais tarde, o departamento de propaganda ordenou o Sina Weibo, a maior plataforma de microblogues da China, a suspender as contas de editores e jornalistas do Southern Weekend, além de filtrar [en] e apagar todas mensagens relacionadas à censura.

Um grupo de estudante de jornalismo manifestou apoio ao jornal Southern Weekend. Foto: inmediahk.net [chi]. Em seguida, o departamento de propaganda ordenou o Sina Weibo, a maior plataforma de microblogues da China, a suspender as contas de editores e jornalistas do Southern Weekend e a filtrar e apagar todas mensagens relacionados à censura.

No dia 7 de janeiro, o departamento de propaganda forçou a alta direção do jornal a confiscar a conta oficial do veículo no Weibo e a emitir uma declaração enganosa, dizendo que, a edição de Ano Novo foi, na verdade, um trabalho coletivo de seus editores e da redação de “assuntos especiais”. Isso provocou uma reação de aproximadamente 100 funcionários do jornal, que emitiram uma declaração conjunta, e a equipe de jornalismo econômico anunciou uma greve.

Retaliação do departamento de propaganda

Logo depois, uma nota com instruções das autoridades de propaganda chinesa para todos os meios de comunicação vazou [en]. A nota frisava:

  1. O controle do partido político sobre os meios de comunicação é um princípio inabalável;
  2. O incidente não tem relação com o chefe do Departamento de Propaganda de Guangdong, Tuo Zhen;
  3. O agravamento do incidente está relacionado com a manipulação de forças estrangeiras hostis.

A rebeldia se espalha

No dia 8 de janeiro, todos os meios de comunicação chineses, online e impressos, foram obrigados a re-imprimir o editorial do Global Times. A edição trazia os três tópicos das instruções que haviam vazado. Os jornais Beijing News e o Xiangnan Morning Herald se recusaram a cumprir esta ordem. Na ocasião, o chefe da Central de Propaganda Chinesa entrou em cena e exigiu que eles imprimissem a edição no dia seguinte. Em resposta, o editor do Beijing News, Dai Zigeng, pediu demissão [en].

Protestos contra a censura de imprensa se espalharam online e offline. A população de Guangzhou reuniu-se em frente à sede do jornal Southern Weekend no dia 7 de janeiro, manifestando apoio ao jornal.

Leitores, estudantes de jornalismo, trabalhadores dos setores de mídia e comunicação, e diferentes grupos civis, dentro e fora da China, vêm coletando assinaturas, trabalhando na conscientização, postando mensagens de apoio e fotos de protestos em toda esfera online chinesa para combater a máquina de censura na China continental.

Nossa cobertura

9 de janeiro – Departamento de Propaganda Chinês ameaça dissolver o jornal Beijing News
8 de janeiro – China culpa “forças estrangeiras” pelos protestos por liberdade de imprensa
8 de janeiro – Censura enfrenta rara resistência com greve de jornalistas na China  [en]
7 de janeiro – China: Administrador do Sina Weibo revela práticas internas de censura (no GV Advocacy)
4 de janeiro – Jornalistas chineses exigem renúncia de chefe de propaganda local

Fontes:

Twitter Hashtags: #SouthernWeekly | #SouthernWeekend

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