Venezuela: Polícia confisca telefones dos manifestantes

[A versão original deste artigo, em inglês, foi publicada a 18 de Fevereiro de 2014.]

Várias pessoas têm reportado que polícias e agentes da Guarda Nacional estão a confiscar os telemóveis [celulares, em português do Brasil] dos detidos e manifestantes na Venezuela. Numa altura em que a Venezuela atinge o 15º dia de protestos nas ruas, os manifestantes acreditam que a polícia está a revistar a sua informação pessoal, a apagar imagens e vídeos dos protestos e a enviar mensagens às suas famílias e amigos.

José Vicente Haro, um advogado venezuelano e professor de Direito que trabalha na defesa dos estudantes detidos, tuitou:

Retiraram os telemóveis aos detidos no CICPC [Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas] e disseram que os devolverão na segunda-feira. Estão a revistar os telemóveis.

Desde a segunda semana de Fevereiro, têm surgido relatos que agentes policiais estão a usar os telemóveis para enviar mensagens falsas aos amigos e familiares dos manifestantes. Eduardo Lischinsky, um estudante que tem participado nas manifestações, disse:

Coisas certas 6: Estão a usar os telemóveis dos estudantes detidos para “pregar partidas” aos amigos e familiares que tentam contactá-los.

Mary Mena, jornalista de investigação que tem acompanhado as detenções, também disse que pelo menos dois jornalistas foram detidos e a Guarda Nacional confiscou os seus telefones:

Os jornalistas @JPBIERIL e @perezvaler17 foram detidos e a GN tirou-lhes os telefones. Cuidado @espaciopublico @ipysvenezuela

Depois de falar com familiares dos detidos, o jornalista Luis Carlos Díaz sugeriu que a polícia e a Guarda Nacional estariam a reter os telefones não apenas como gracejo, mas também para eliminar fotos, vídeos e outras evidências dos protestos:

Outra medida repressiva na Venezuela é retirar os telefones aos detidos para apagar fotos, vídeos e revistar informação pessoal.

No meio dos protestos e com os meios de comunicação censurados, os Venezuelanos voltaram-se para a Internet para partilhar fotos, vídeos e informação sobre as manifestações e a sua posterior repressão. Manifestantes do distrito Chacao, em Caracas, transmitiram o vídeo de uma das zonas mais violentas dos protestos, imagens que até ao momento de publicação desta tradução já tinham sido vistas por 247.730 pessoas.

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