“E desenhar até morrer”: Oito perguntas para a ilustradora Lorraine Rodriguez

Lorraine Rodriguez

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Eu descobri Lorraine Rodriguez há algum tempo, enquanto folheava o livro de poesia “El origen de los párpados” [A Origem das Pálpebras, em tradução livre] (2008) de Mara Pastor. Muitos anos se passaram, e eu vi o nome dela novamente como a ilustradora da capa do livro “Day After Day” [Dia Após Dia, em tradução livre], de Juan Pablo Díaz. E quando descobri o seu blog, e, mais tarde, website, fiquei impressionada. Sua auto-biografia ilustrada, “Meu nome é Lorraine”, e a seção “quem sou” do site formam a base das perguntas dessa entrevista, feita por e-mail, como tantas coisas nos dias de hoje. 

Lorraine Rodriguez nasceu em Porto Rico, tem 30 anos de idade e mora em Barcelona, na Espanha. Mas ela é a melhor pessoa para nos contar um pouco de sua vida.

Global Voices (GV): Perdoe-me por uma pergunta tão clichê, mas preciso fazê-la: quando e como você começou a desenhar?

Lorraine Rodríguez (LR): Siempre que alguien me pregunta sobre esto, cuento la misma historia. Cuando tenía siete u ocho años, estando en la casa de mis tíos, encontré entre las cosas de uno de mis primos, el cassette de “Appetite for Destruction” de Guns N’ Roses. Y me impresionó tanto la portada (era una cruz en fondo negro, y un retrato de cada uno de los miembros de la banda, pero retrato/calavera, en cada punto de la cruz) Tuve que hacer mi propia versión. Cuando llegué a mi casa, la puse en la puerta de mi habitación. Mis padres estaban escandalizados. Esa fue la primera vez que recuerdo haber tenido una experiencia de “ilustración”. También recuerdo dibujar mariposas, nubes y flores. Las dibujaba más grandes que las casas. 
Lorraine Rodríguez (LR): Sempre que alguém me pergunta isso, eu conto a mesma história. Quando eu tinha 7 ou 8 anos, estava na casa de meus tios onde encontrei, dentre as coisas de um de meus primos, a fita do “Appetite for Destruction” dos Guns N’ Roses. E a capa me impressionou bastante (tinha uma cruz contra um fundo preto e o retrato de cada um dos membros da banda, mas cada retrato/caveira em um dos pontos da cruz). Eu tive que fazer minha própria versão. Quando cheguei em casa, coloquei-a na porta do meu quarto. Meus pais ficaram escandalizados. Foi a primeira vez que me lembro de ter tido uma experiência com “ilustração”. Lembro-me também de desenhar borboletas, nuvens e flores. Eu as desenhava maiores do que as casas. 
 
Lorraine Rodriguez

GV: O que você desenha? Como escolhe seus projetos? 

LR: Trato de dibujar todos los días, así que usualmente son cosas que se me ocurren al momento: frases que otros dicen, cosas que leo, retratos, canciones que escucho, cosas relacionadas a temas que me interesan. También depende de mis estados de ánimo.

LR: Tento desenhar todos os dias, de modo geral são coisas que vêm à mente no momento: frases que outras pessoas dizem, coisas que eu li, retratos, canções que ouço, coisas relacionadas aos temas que me interessam. Também depende de meu humor.

GV: Por que Barcelona?

LR: Siempre he estado rodeada de personas que se van. Amigos que deciden salir de Puerto Rico un rato para aventurar en otros lugares. Varios amigos habían estudiado acá y en otras ciudades de España, así que luego de pensarlo mucho, de hacer todas las preguntas del mundo -desde las más tontas hasta las más complejas-, al final me decidí. Ha sido una experiencia increíble en todos los sentidos. La ciudad, mis nuevos amigos, las nuevas experiencias. Tengo un “antes de Barcelona” y un “mientras en Barcelona”. Veremos qué sigue.

LR: Sempre estive cercada por pessoas que partem. Amigos que decidem sair de Porto Rico para passar um tempo se aventurando em outro lugar. Vários amigos tinham estudado aqui e em outras cidades da Espanha, então depois de muito pensar, de fazer todas as perguntas do mundo, desde a mais idiota até a mais complexa, enfim, decidi. É uma experiência incrível em todos os sentidos. A cidade, meus novos amigos, novas experiências. Tenho dentro de mim uma “antes de Barcelona” e “durante Barcelona”. Vamos ver no que dá.

 
Lorraine Rodriguez
GV: E Porto Rico? Como ter nascido em uma ilha te inspira ou arruina? 

LR: Como les pasa a todos, la distancia hace que aprecies ciertas cosas mejor. Lo que te parecía fastidioso hace un tiempo, estando fuera, entonces le encuentras lo especial. Estoy orgullosa de donde vengo y de quién soy, y de cómo se refleja en mi trabajo como ilustradora.

LR: Como acontece com todo mundo, a distância faz você apreciar mais certas coisas. Naquilo que lhe parecia entediante há algum tempo, estando fora, passa a encontrar algo especial. Tenho orgulho de onde eu vim e quem eu sou, e como isso se reflete no meu trabalho como ilustradora. 

GV: “2003: Conheci a maioria de meus melhores amigos“. Me fale sobre seus amigos.

LR: Mientras estuve de estudiante en la Universidad de Puerto Rico, Recinto de Río Piedras, conocí a muchas personas. Gente de otros pueblos de la Isla. Muchos con intereses en común a los míos. Muchos de ellos, puedo decir, son mis amigos más cercanos y queridos. Muchos de ellos estudiaron cine; muchos de ellos estudiaron literatura comparada. A través de los años he aprendido mucho sobres ellos y con ellos. Claudia Calderón, Yasiri Castro, Charlie Rivera, Chemi González, Ariel Hernández Domenech, Marina Reyes Franco, Rojo Robles, Mara Pastor, Rubén González, Raymond Forbes, María Inés Lefebre, para mencionar a algunos, todos profesionales y exitosos. La verdad estoy muy contenta de cómo hemos mantenido estos lazos a través de los años.

LR: Enquanto estudava na Universidade de Puerto Rico, Recinto de Río Piedras, conheci muita gente. Pessoas de outras cidades da ilha. Muitas pessoas com interesses em comum. Muitas delas, posso dizer que são meus amigos mais próximos e queridos. Muitas delas estudaram cinema, muitas estudaram literatura comparada. No decorrer dos anos, aprendi muito com elas e sobre elas. Claudia Calderon, Yasiri Castro, Charlie Rivera, Chemi Gonzalez, Ariel Hernandez Domenech, Marina Reyes Franco, Rojo Robles, Mara Pastor, Ruben Gonzalez, Raymond Forbes, e Maria Ines Lefebre, só para citar algumas, todas profissionais e todas bem-sucedidas. Para falar a verdade, fico muito contente de ter mantido esses laços através dos anos.

 
Lorraine Rodriguez
GV: Que lugares você quer ir? 

LR: Una vez tienes la oportunidad de salir de Puerto Rico, de pronto se abre un mundo de posibilidades. A mí me encantaría poder visitar todos los confines del globo terráqueo. Pero, siendo realista, podría decir que me gustaría pasar algún tiempo en Oriente Medio por muchas razones. Siempre me ha interesado la literatura, el arte, la música y la cultura de muchos de los países que comprenden esa región geográfica. He dedicado mucho tiempo a estudiar, por mi cuenta, sobre cada una de estas cosas, y no hay descanso. Es una fijación muy bonita e intensa. Si realmente existe esto de las vidas pasadas, seguramente nací y viví allí.

LR: Uma vez que você tem a oportunidade de sair de Puerto Rico, de repente abre-se um mundo de possibilidades. Eu adoraria visitar todos os confins do globo terrestre. Mas, sendo realista, poderia dizer que passaria algum tempo no Oriente Médio, por muitas razões. Sempre me interessei pela literatura, arte, música e cultura de muitos dos países que compõem a região geográfica. Dediquei muito tempo estudando por conta própria cada uma dessas coisas, e sem descanso. É um lugar muito bonito e intenso. Se realmente existe esta coisa de vidas passadas, com certeza eu nasci e vivi lá.

GV: E por que Bob Dylan?

LR: Bob Dylan es increíble. Muchas de sus canciones son intensas y hermosas. La primera vez que me detuve a escuchar “Ballad of Hollis Brown”, pensé que era perfecta para ilustrarla. Estando acá en la universidad, se me presentó la oportunidad de trabajarla en el segundo bloque de ilustración narrativa. Fue difícil elegir los versos que iba a ilustrar porque no era un cómic extenso. Era más bien un ejercicio, así que estaba obligada a decidir cuáles aspectos emocionales y narrativos iba a resaltar en solo cuatro páginas. Una vez lo tuve claro, logré dibujarlo todo en dos días; colorearlo en un día y presentarlo.

LR: Bob Dylan é incrível. Muitas de suas canções são intensas e bonitas. A primeira vez que parei para escutar “Ballad of Hollis Brown”, pensei que era perfeita para ser ilustrada. Aqui na faculdade, tive a oportunidade de trabalhar no segundo bloco de ilustração narrativa. Foi difícil escolher os versos que iria ilustrar porque não era uma história em quadrinhos grande. Foi mais um exercício, então fui forçada a decidir quais aspectos emocionais e narrativos se destacariam em apenas quatro páginas. Uma vez que ficou claro, eu tive que desenhar tudo em dois dias, colorir em um dia e apresentá-lo.

 
Lorraine Rodriguez
 

GV: Como é saber o que se quer fazer até morrer?

LR: Pienso que una vez descubres qué es lo que te gusta, lo que te causa satisfacción, lo que sabes hacer, lo que te apasiona por encima de todo en la vida, entonces no hay marcha atrás. Tienes que ser responsable con eso; tienes que darle oportunidad. Descubrí que dibujar es lo que realmente me gusta, entonces ¿por qué no dedicarme a eso? Quiero ser parte de la niñez de otros, por eso quiero seguir ilustrando narrativa para niños; quiero ser parte de los proyectos musicales de otros; de sus proyectos de cine; quiero ser parte de los proyectos personales de mis amigos, de sus obras de teatro, de sus poemarios, de sus pajas mentales. Quiero contribuir en lo que pueda y sea capaz.

LR: Acho que uma vez que a pessoa descobre do que gosta, o que lhe traz satisfação, o que sabe fazer, o que ela ama acima de tudo na vida, não há como voltar atrás. Você tem que se responsabilizar por essa coisa, tem que dar uma chance a ela. Eu descobri que desenhar é o que realmente gosto, então por que não me dedicar a isso? Eu quero fazer parte da infância dos outros, então quero continuar ilustrando narrativas infantis, quero fazer parte de outros projetos musicais, de projetos de cinema, quero fazer parte dos projetos pessoais de meus amigos, de suas peças, seus poemas, suas fantasias loucas. Quero contribuir no que for possível e capaz.

Tradução editada por Débora Medeiros como parte do projeto Global Voices Lingua

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