Sudão: qual será o novo nome do Sudão do Sul?

Um referendo foi realizado no Sudão do Sul de oito a quinze de janeiro de 2011. Neste referendo se decidiu se a região permaneceria como parte do Sudão ou passaria a ser um país africano independente.

Os resultados preliminares do 27 de janeiro de 2011 mostraram que 98,81% dos eleitores estão a favor da separação enquanto 1,19%  estão a favor da união com o país africano. Os resultados finais serão anunciados no começo de fevereiro.

Sendo muito provável que o Sudão do Sul seja independente,  qual será o novo nome da nova criança africana? Neste post, Marvis Birungi, discute com o Ministro de Informação do Sudão, Dr. Barnaba Marial Benjamin, sobre o nome do país, sua bandeira, seu hino e seu emblema. O Dr. Benjamin é parte do comitê  que está trabalhando, entre outras coisas, para criar um nome para o país.

Maggie Fick, que escreveu em seu blog desde o Sudão do Sul, publicou links de artigos interessantes que tratam sobre uma grande variedade de temas relacionados com o referendo:

Now that I’m on a reporting trip in Northern Bahr al Ghazal state—away from the referendum fever that has continued to reign in Juba—I’ve been slowly working through a stockpile of interesting articles from the past week or so that have delved into a variety of referendum-related topics, including the looming process of nation-state formation in the south. Although I’m too disorganized to commit to a weekly round-up post on my blog, find below a basic “links I dug” plus quotes from these articles that made me think. Given the slow ‘net speed where I am (plus my blog-technology-ineptitude), I’m simply pasting the URLs below instead of hyperlinking them; I realize this is unacceptable in the blogosphere so sorry for this.

Neste momento, eu estou fazendo uma reportagem da viagem pelo Norte do estado de Bahr al Gazhar, longe da febre do referendo que continua dominando em Juba. Eu estive trabalhando com uma grande quantidade de artigos interessantes das últimas semanas que explicavam melhor uma grande variedade de temas relativos ao referendo, incluindo o processo de formação da nação- estado no sul. Mesmo eu sendo muito desorganizada para fazer um resumo semanal de meu blog, aqui está uns “links pesquisados” básicos, além das citações dos artigos que me fizeram refletir.   Eu só publico as URLS debaixo da página, em lugar de publicá-los  num hyperlink. Eu percebi que isto era inaceitável na blogosphera. Desculpem-me por isso.

Dadakim ficou surpreso por causa do total de 97, 6% dos eleitores do Sudão do Sul em Dallas, Texas. Ela escreveu: ” Nunca ouvi sobre eleições com tanta participação, mesmo na Austrália onde votar é obrigatório”. Ela continou:

I tried to learn as much as I could about the people who didn’t show up to vote. One woman had come up from Houston on Saturday with all the documents she used to register to vote (including her passport). She had lost her registration card and was hoping these documents would convince the polling staff to allow her to vote. Just as the rules required, she was turned away. Another woman came to the center with the registration card of her relative (as well as her own). She wanted to cast a vote for him because he was in jail. She too, was denied her request (she was, of course, allowed to cast her own vote). There were stories of others deployed in the US Army, sick and in hospital, or others who had lost their registration cards.

Tentei aprender tudo o que eu pude sobre as pessoas que não votaram. Uma mulher veio de Houston no sábado com todos os documentos que utilizava para se registrar para votar, incluindo seu passaporte, mas perdeu seu cartão e tinha a esperança de que os outros documentos convenceriam os membros de mesa para que ela votasse. Como as regras estabeleciam, ela foi rejeitada. Houve outra mulher que veio ao centro com o cartão de seu parente, como se lhe pertencesse. Ela queria votar por ele porque seu parente estava na cadeia. Seu pedido também foi rejeitado, mas permitiram-lhe fazer seu voto. Existem casos de outras pessoas que se encontravam no exército dos EUA,, doentes num hospital, ou outros que perderam o seu cartão de registro.

Suleiman Rahhal, administrador do foro democrático das Montanhas Nuba, pergunta: Por que os Nuba estão protestando? Nuba é um termo utilizado geralmente para as pessoas que moram nessa montanha, nos estados que ficam no Sudão do Sul.

Ele afirma que é preciso dar aos Nuba o direito de auto-determinação:

The indigenous people of the Nuba Mountains are extremely concerned that international concentration on South Sudan’s independence referendum has meant other crucial aspects of Sudan’s so-called Comprehensive Peace Agreement (CPA) have been neglected. The CPA stopped the brutal civil war in the South, Nuba Mountains and Blue Nile, and as such was initially greatly welcomed by people of the Nuba Mountains, despite failing to recognise their claims and their aspirations. However, the CPA does not only apply to the South. Separate protocols call for a referendum in the disputed Abyei district and for “popular consultation” in the two contested areas, the states of South Kordofan and Blue Nile. The Nuba had for long years been voicing their deep concern over their lack of collective rights, including the crucial right to self-determination.

O povo da Montanha Nuba está muito preocupado pela grande atenção internacional do referendo sobre a independência de Sudão do Sul porque isto significa que foram esquecidos outros aspectos importantes do popular Amplo Acordo de Paz. Este acordo deteve a brutal guerra civil no sul, nas Montanhas Nuba e no Nilo azul e foi bem recebido pelo povo das Montanhas de Nuba, apesar de que não foram reconhecidas suas exigências e aspirações.  Além disso, o AP não se aplica no sul. Alguns protocolos  pedem um referendo o disputado distrito de Abyei e uma consulta popular nas duas áreas que lutam por ele, os estados do sul de Kordofan e o Nilo Azul. Os Nuba têm expressado por muito tempo sua preocupação pela falta de direitos , incluindo o importante direito de autodeterminação.

Ele nota que a luta por auto-determinação do povo Numba é baseada em sua longa história de marginalização política e econômica:

The fact that Nuba were not present at the peace talks meant their claims were brushed away and compromised. For example, the historical name on the world maps ‘Nuba Mountains’ which has great meaning to the Nuba people. During the peace talks the name was replaced by Southern Kordofan, so as to accommodate the Messiriya Baggara tribe of the former state of West Kordofan, which was incorporated into the new state. The right of self-determination is at the core of the Nuba’s claims. This claim for self-determination is based on their experience of struggle as part of the SPLA/M; long history of political and economic marginalisation; ethnic, religious and cultural discrimination; dispossession of land, tradition and customs and finally poor education, political and economic opportunities since independence 1956. These are the factors which led to the conflict in the Nuba Mountains.

O fato de que os Nuba não estiveram presentes nas negociações de paz significa que suas exigências foram esquecidas. Por exemplo, o nome histórico no mapa mundial “Montanhas Nuba”, que tem um grande significado para o povo de Nuba, durante as negociações de paz mudou para Kordofan do Sul. Desta maneira pôde ser incluída ao novo estado, o anterior estado do oeste de West Kordofan, a tribo de Messiriya Bagara. O direito de autodeterminação é o objetivo principal que exigem os Nuba. Esta exigência pela autodeterminação se inspira em sua experiência de luta com o Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA), uma longa história de marginalização política e econômica, de  discriminação étnica, religiosa e cultural, roubo de terras, tradições e costumes e poucas oportunidades econômicas, políticas e educativas desde sua independência em 1956. Estes fatores levaram ao conflito nas Montanhas Nuba.

Respondendo à publicação de Suleiman, Samani afirma que os argumentos que ele usou são ilógicos e ridículos:

If every group of people that see themselves as ‘cohesiveness and distinctiveness’ called for self-determination or Secession then there would be no need for countries and we should all go back to live as tribes ! Other then Israel no other country in the world is based on race, ethnicity or religion. Surely Mr. Suleiman Rahhal if you are Sudanese and Muslim you would be familiar with our belief that God created us different so we mix, integrate and utilize each others differences, cultures and experiences to better mankind. How many distinct peoples and groups live in the Sudan (North) today, would you suggest each group ask for self determination.

Se cada grupo de pessoas que acredita na união e na diferenciação pedisse a autodeterminação ou a separação, não precisaríamos de países e voltaríamos às tribos! A não ser Israel, nenhum país tem só uma raça, etnia ou religião. Certamente, senhor Suleiman Rahhal, se você é sudanês e muçulmano, então está familiarizado com nossa crença que Deus nos criou diferentes.Portanto nos juntamos com outras pessoas, nos integramos e utilizamos as diferenças culturais e outras experiências para fazer melhor a humanidade. Então sugere que todos os grupos e povos que moram no norte do Sudão atualmente peçam a autodeterminação?

Outro leitor, David Barsoum, não concorda com a posição do Suleiman. Ele afirma que os Nuba são parte da estrutura sudanesa:

What intirgues me in Rahal’s argument is how”exclusive” he is?He draws the”Nuba” out of context altogether,and restricts them to Nuba Mountains,thus severing any ties with the other parts of Sudan,this is contrary to history. Where did these Nuba come from and what links them to North Sudan do not feature in his thoughts. Well historically these Nuba are related to the Nuba of the North and if they withdrew to where they are before after the collapse of the ancient kingdoms of the North,it was for reasons best explained by the historians, notably, Basil Davidson.This is as far history is concerned. The Nuba are part of the whole Sudanese fabric,researchers have been trying to identify lingustic similarities between the languages of the Nuba Mountains and the present day language of the Nubians in the North.

O que mais me intriga no argumento do Rahal é o quanto ele é “exclusivo”. Ele retira os Nuba do contexto, e só os restringe às Montanhas Nuba, dividindo qualquer união com as outras partes do Sudão, contradizendo a história. De onde estes Nuba vêm e o que os une com o Sudão do norte não está nas suas reflexões. Historicamente os Nuba estão relacionados com os Nuba do norte. Eles de fato, voltaram para onde moravam antes do conflito, após a guerra com os antigos reinos do norte devido às razões bem explicadas pelos historiadores, com especial destaque para Basil Davidson. Esta é uma história com mais anos do que nós sabemos. Os Nuba são parte de toda a estrutura sudanesa, os cientistas têm tentado identificar semelhanças linguísticas entre as línguas do povo das Montanhas Nuba e a língua atual dos Nubas do Norte.

Giorgio Musso quer saber se o referendo ocasionará a busca de autodeterminação na África e em todo o mundo:

Among the many issues which are being discussed in the aftermath of Southern Sudan’s self-determination referendum, the “domino effect” which could be triggered in Africa and the rest of the world is one of the most worrisome. Analysts and journalists have warned that from Western Sahara to Nepal, from Zanzibar to Mindanao, secessionist movements and guerrillas could draw further strength from the success of the Sudan People’s Liberation Movement/Army (SPLM/A). As a matter of fact, the eventuality of a secessionist wave seems unlikely if we consider the situation with a more balanced attitude: fears of a domino effect have been a constant during similar events in the past, but the independences of Eritrea, Timor-Leste and Kosovo have not shaken the world as they were expected to do.

Entre os temas que estão sendo discutidos decorrência do referendo de autodeterminação do Sudão do Sul, o efeito dominó que pode ocasionar na África e em todo o mundo é um dos mais preocupantes. Analistas e jornalistas advertiram que desde o Oeste do Sahara até o Nepal, do Zanzibar até Mindanao, os movimentos de secessão e as guerrilhas poderiam ser fortalecidos, produzindo o êxito do Movimento Popular de Libertação do Sudão. De fato, um movimento secessionista é muito improvável se consideramos a situação desde um ponto de vista mais equilibrado: o temor do efeito dominó tem sido uma preocupação constante, mas a independência de Eritrea, Timor Leste e Kosovo não teve o impacto que se supunha.

O monitor de votos do Sudão, iniciativa que utiliza a informação e tecnologia de comunicação para apoiar a informação e supervisão do referendo, criou um relatório resumo para o dia 13 de Janeiro:

Reports from January 13 – 15 (while voting was still taking place) are mostly positive, with reports indicating a peaceful voting process in Khartoum, Juba, Eastern Equatoria, Northern Bahr ElGhazal an

A maioria dos informes de 13-15 de janeiro (enquanto todos estavam votando) é positiva. Estes informes sublinham um processo de votação pacífica no Khartoum, na Juba, na Equatoria do Leste, e no norte do Bahr ElGhazal an.

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