Global Voices, o manual de viagem para não-turistas

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“Eu prefiro ficar em apartamentos, sair com nativos e visitar locais comuns de diversão do que me hospedar em hóteis, fazer tours guiados e visitar museus. Além disso, ao invés de comprar manuais de viagem, eu gosto de ler blogs de habitantes locais e imigrantes – e, sem dúvida, o Global Voices – para ter uma idéia do local para onde vou viajar”.

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Há um ano, eu estava na Itália com um amigo, lamentando a escolha dos meus sapatos. Eu trouxera na mala somente sapatos de corrida e botas de couro, os quais ficaram encharcados até a sola devido aos vários dias consecutivos de chuva. A nossa conversa marcou o nascimento de uma idéia: e se existisse um site ou um aplicativo que me permitisse “visitar” um país a nível local para ver qual tipo de calçado é apropriado? O site seria gerenciado por habitantes locais e assim teria o efeito indireto de me ajudar com a moda cotidiana, minimizando as chances de eu ser tachada como turista.

Uma idéia boba talvez, mas o ímpeto por trás dela não o é: muitos da minha geração não querem se sentir ou se parecer com turistas quando viajam. Isto explica o crescimento de companhias como o Airbnb, que te ajudam a evitar hóteis turisticos e a viver verdadeiramente como “um nativo”.

Ter morado alguns anos fora quando era jovem instigou este desejo em mim. Eu prefiro ficar em apartamentos, sair com os nativos e visitar locais comuns de diversão do que me hospedar em hóteis, fazer tours guiados e visitar museus. Além disso, ao invés de comprar manuais de viagem, eu gosto de ler blogs de habitantes locais e de imigrantes – e, sem dúvida, o Global Voices – para ter uma idéia do local para onde viajarei. 

Isto me levou a pensar: será que há outras pessoas que se utilizam do Global Voices como um tipo de manual de viagem? Eu tive a oportunidade de trazer esta questão para os meus colegas do GV durante a recente Cúpula do GV. Abaixo o que eles disseram:

Marianna Breytman, uma das nossas tradutoras de espanhol-inglês, disse-me:

“I always use GV when traveling because I think it's a really great way to see what issues are currently concerning any given region. Most recently I've done it when I visited Panama, Mexico, and Colombia, and I'm planning to do it again before my trip to Turkey in a few weeks.” 

“Eu sempre uso o GV quando vou viajar porque eu acredito que é um modo bem legal de ver quais as questões que estão sendo discutidas em determinada região. Eu fiz isso recentemente quando visitei o Panamá, o México e a Colômbia e estou planejando fazer isso antes da minha viagem pra Turquia, em algumas semanas”.

Anna Schetnikova escreve pro GV em russo e inglês. Ela disse:

“I was travelling in Turkey at the time of the recent general elections last summer. And GV was great to use to know about political culture of the country, about different parties and activists and the society, so when I saw posters in the street, I knew what they were about.”

“Eu estava viajando pela Turquia na época das eleições no verão passado. Foi legal usar o GV para saber sobre a cultura política do país, sobre os diferentes partidos e os ativistas e a sociedade. Assim, quando eu via pôsteres nas ruas, eu sabia do que se tratava”.

Mohamed ElGohary, coordenador de tradução do GV e representante do staff no Conselho de Diretores, casou-se recentemente e utilizou o GV para pesquisar sobre sua lua-de-mel nas Maldivias. Ele disse que este post contribuiu para sua decisão sobre qual ilha visitar.

Assim, eu tuitei a seguinte pergunta: tu já utilizaste alguma vez o Global Voices para pesquisar sobre um local antes de visitá-lo? Emer Beamer, uma designer social e educadora, moradora dos países baixos (e leitora assídua do GV), contou-me em um email que quando ela está procurando “gente legal” em um determinado local, “Global Voices é uma porta de entrada”. Quando ela viajou ao Camboja, ela se encontrou com três pessoas que ela localizou através do GV e, atualmente, ela trabalha como autora para um projeto do GV.

Beamer me disse que ela adoraria ver o GV implementando uma seção sobre viagens e que ela a utilizaria como forma de “entender a ética de trabalho do local, onde encontrar wifi e onde encontrar os pontos de cultura alternativa da cidade”. Ela disse que ela recomenda com frequência aos pesquisadores com quem ela trabalha que consultem o GV antes de viajar.

Katie Mulloy, que trabalha para o UNICEF em Uganda, disse que o GV é “o lugar mais lógico a procurar” informações sobre lugares novos, especialmente informações que “que passam despercebidas na mídia tradicional”. Uma viajante experiente, Mulloy disse que ela utilizou o site para pesquisar sobre o Camboja, Uganda e Malásia.

Eu pedi a Mulloy para imaginar como seria a seção de viagens do Global Voices. “Em geral, '48 horas na cidade X’ são textos de ocidentais muito viajados para ocidentais muito viajados”, ela disse. “Mas eu gostaria de saber o que um estudante sul-coreano diria sobre quais as melhores coisas de Seul”.

Ben Valentine é um escritor freelance, morando no Camboja. “Como um jornalista e nerd”, ele disse, “eu quero informações que não estão no Lonely Planet como, por exemplo, quais são os novos memes? Quais foram as batalhas políticas recentes pela liberdade de expressão nestes países? Sobre o que os bloggers estão conversando?”

Compreender as perspectivas dos blogueiros e da mídia social foi um tema recorrente entre as pessoas com as quais eu conversei. O blogueiro marroquino El Mahdi me disse que ler o GV antes de viajar dá uma “idéia de como as pessoas daquele país estão comentando online em suas próprias palavras, traduzidas para uma língua que eu entendo…”. Ele usou o GV pela primeira vez para se preparar para uma visita à Tailândia porque ele estava procurando por “coisas que eu pudesse aprender sobre o país e sua cultura para além da Wikipédia e dos clichês que todos ouvimos sobre o turismo local”.

No seu email, El Mahdi criou uma nova palavra para isto:

“Since [that first trip], GlobalVoicing a country [has become] among the usual things I did before a travel, in addition of course to Googling and Wikipedi-ying the country, especially when I do not speak the country's language.”

 “Desde aquela primeira viagem, Globalvoiçar um país se tornou para mim uma coisa comum de fazer antes de viajar, além de, é claro, procurar no Google e na Wikipédia sobre o país, especialmente quando eu não falo o idioma local”.

Tradução editada por Débora Medeiros como parte do projeto Global Voices Lingua

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