Enquanto os gigantes mundiais travam suas batalhas na arena internacional – primeiro a Índia versus China sobre fronteiras, agora Google versus China sobre a internet – ao norte no Himalaia, o pequeno Butão (com uma população de 600.000) também atacou a China recentemente, ainda que sem alternativa que não a diplomacia quieta e com tato.
Em 14 de janeiro o Butão encerrou a décima nona rodada de conversas sobre a fronteira com a República Popular da China. Segundo as conversas, os dois governos se encontrarão de novo para conduzir uma “pesquisa de campo conjunta” sobre os territórios disputados no norte, que incluem quatro áreas somando um total de 874 quilômetros quadrados.
Um release de imprensa do Ministério das Relações Exteriores após as conversas afirmou que ambos governos resolverão a questão fronteiriça por meio de uma consulta mútua de acordo com as bases de acordos prévios em 1988 e 1998. Eles também evitarão empreender qualquer ação unilateral e manter o status quo na fronteira. O release também explica que as conversas se deram de uma “maneira cordial e bastante amistosa”.
Mas as ações do governo chinês nas fronteiras setentrionais do Butão não têm sido nada “cordiais” ou “bastante amistosas”. Entre 2008 e 2009 foram registradas várias invasões de fronteira por parte de soldados chineses dentro de território butanês.
Além disso, os soldados chineses também começaram a construir estradas que levam direto ao território butanês. Foram necessários vários protestos por parte do governo do Butão e muitos debates em nível estatal para que os chineses parassem a construção das estradas.
Parece que o sentimento entre os oficiais butaneses quando se trata da China é lidar com o gigante com muito cuidado. Afinal, o Butão é o último país que pode se dispor a despertar a ira da China. A posição oficial, então, sempre foi dizer que as discussões eram “significativas e produtivas”, independente do que acontecesse.
Talvez seja por isso que a maioria dos escritores e blogueiros butaneses tenham mantido silêncio nessa questão, mas Bhutantimes.com, um sítio onde muitos butaneses interagem – anonimamente ou usando pseudônimos – para falar sobre sua dissensão, fez uma pergunta: “A China está realmente tentando tirar a terra do Butão sorrateiramente?”
Em um tópico, um comentarista de nome Farmer disse:
It is definitely not an easy problem because we are dealing with a powerful (and yet dictatorial) nation that has no regard for human rights or independence of other nations…. Few years ago Bhutan’s size was 46,000 sq km and now it has decreased to 38,000 sq km. So Bhutan is now the only country in the world which is shrinking…
Bronze 2000 respondeu:
The Chinese will soon be laying more roads inside Bhutan and set up posts. They will show new maps with the new Bhutanese areas inside China. This is what is being done for all these years. The govt. should really wake up to this issue and give priority as this issue can really threaten the sovereignty.
E Geasar acrescentou:
China has one of the worst records of human rights abuses. Despite that no country, including the USA, seems to pressurize this country into being a disciplined and humane country. With such a track record and virtual immunity from external pressure we can never rule out when Bhutan will also fall prey to this Giant.
Tamerlane, um blogueiro não-butanês, apontou a razão pela qual os chineses estariam interessados em clamar essas regiões fronteiriças:
“The region at issue is important geopolitically because it is so close to India's Chicken's Neck, or Siliguri Corridor. It was created when East Pakistan (Bangladesh) and West Pakistan separated from India. Its purpose is to provide India with a narrow path to reach its faraway northeastern states. The area is also used by smugglers from Bangladesh and as a refuge for Maoist Nepalese rebels.
China has every desire to stir up instability here, as it will inevitably result in the weakening of India. Much of India's army is on the western front defending Kashmir, so China has almost free reign on the eastern front. PLA troops are entering Bhutan. Roads and bridges are being built inside Bhutan (allegedly).”
A China tem todo o desejo de agitar a instabilidade aqui, e isso inevitavelmente resultará no enfraquecimento da Índia. A maior parte do exército indiano está no fronte oeste defendendo a Cachemira, então a China reina quase livre no fronte leste. Tropas da PLA estão entrando no Butão. Estradas e pontes estão sendo construídas dentro do Butão (supostamente).”
A Índia, nesse meio tempo, vem mantendo-se informada sobre o desenrolar dos eventos. O Dr. S. Chandrasekharan, diretor do Grupo de Análise do Sul da Ásia (SAAG, na sigla em inglês), em Nova Déli escreveu sobre os acontecimentos no sítio do Centro Chennai para Estudos sobre a China:
“There are two views in India on the border problems between Bhutan and China. One view is that Bhutan’s border problem will be settled once the border dispute between India and China is resolved. The other view is that once Bhutan is weaned away from India, the Chinese will probably be more reasonable and may be more generous.
While the first position is unlikely, there are no reasons to believe that the Chinese are going to be generous in the second case- as China is very unlikely to give up its position in the four areas of the western sector which is equally important for Bhutan’s security too.
In the near future while major clashes may not occur between the PLA and RBA, China will continue to tease and bully Bhutan and its border outpost personnel. This is the China that is supposed to rise ‘peacefully'!”
Enquanto a primeira perspectiva é improvável, não existem razões para acreditar que os chineses serão generosos no segundo caso, já que a China provavelmente não abandonará sua posição nas quatro áreas do setor oeste, que também é igualmente importante para o Butão.
No futuro próximo, grandes conflitos podem não ocorrer entre o PLA e o RBA, e a China continuará a provocar e pressionar o Butão e seu pessoal de fronteira. Essa é a China que supostamente emergirá ‘pacificamente’!”
No decorrer da história, o Butão já teve relações comerciais com o Tibete, antes da ocupação chinesa. Mas depois de 1960 o Butão fechou todas as suas fronteiras ao norte. Hoje o Butão não mantém relações diplomáticas com a China, mas, de acordo com o assistente do Ministro de Relações Exteriores, Mr. Hu Zhengyue, “os dois países têm sido vizinhos amigos desde a história”.
Mas quão amistosos esses vizinhos são é algo que ainda não foi revelado, já que as questões de fronteira seguem sem resolução e as conversas continuam. Em março do ano passado, quando pesquisadores canadenses revelaram um amplo sistema espião que roubava informação de computadores em 103 países (incluindo os do Dalai Lama), o Ministério do Exterior do Butão também estava nessa lista.
1 comentário
Hi Ana
just wanted to THANKYOU for the translation! Much appreciated. Wanted to send an email but I didn’t have your address. Please feel free to contact me methokny@gmail.com
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regards
Sonam