Enquanto a maioria dos colombianos seguia a libertação de 6 reféns presos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) na primeira semana de fevereiro da reserva indígena de Tortugaña Telembí, localizada na área de selva entre Barbacoas e Samaniego (departamento Nariño, sudoeste da Colômbia), inúmeros membros da comunidade indígena Awá desapareceram. De acordo com os relatórios dos indígenas, as guerrilhas das FARC e do ELN combatiam o exército colombiano nesta região, com os Awá justo no meio do conflito.
Foto dos Awá sendo deslocados no departamento de Nariño tirada por G. Valdivieso da agência United Nations Refugee (UNHCR) e usada com permissão.
No dia 9 fevereiro, organizações indígenas e o governador de Nariño, Antonio Navarro, um ex-guerrilheiro do M-19, denunciou o assassinato de 17 de pessoas Awá [en]. Nos dias seguintes, foram relatados [en] assassinatos de mais 10 pessoas, que fugiam dos primeiros ataques, totalizando 27 mortos, enquanto o dezenas de outras eram seqüestradas [en]. Na data da publicação, nenhum cadáver havia sido encontrado [es], mesmo com o envio de tropas do exército à remota área onde o massacre teria acontecido para que os corpos fossem encontrados. As FARC foram culpadas do massacre pelos próprios indígenas [es] e, claro, pelas autoridades. Muitos acreditam que as FARC suspeitavam da tribo Awá como informante do exército. O presidente Álvaro Uribe anunciou [es] que visitaria a área no próximo final de semana.
Adam Isacson, do site Plan Colombia and Beyond , expressa seu desprezo pelos assassinatos [en]:
We condemn the FARC guerrillas, in the strongest terms, for massacring as many as eighteen members of the Awá indigenous community in a remote zone in the department of Nariño, in southwestern Colombia. If the group’s leadership had sought to generate goodwill with last week’s unilateral hostage releases, reports of the Nariño killings has undone that entire effort.
Em Colombia Reports, a correspondente holandesa Wies Ubags também está indignada [en]:
I don't understand this latest cruelty of the FARC. They are trying to enter into new negotiations to exchange the policemen and soldiers in the jungle for guerrillas in prison. The members of civil society who are doing the effort with them – Colombians for Peace – are risking a lot, although they already reached the liberation of six hostages. (…) In this delicate situation the FARC commit a horrendous crime in the Awá community, that lives in one of the most violent regions of the country, and that has already lost a lot of lives, also because of the huge amount of landmines in the area. Are the Awá no people, People's Army of the Armed Revolutionary Forces of Colombia? It is a cruel and stupid crime.
O ministro da Defesa colombiano Juan Manuel Santos alegou que os povos indígenas não estavam “colaborando” com as autoridades. Comentando pelo Digg-like do site de notícias sociais Gacetilla, Gonzalo escreve [es]:
Precisamente por colaborar fue que los mataron. Porque eso sí para pedir información siempre están, pero para ofrecer seguridad…
Em um longo texto, a Associação dos Conselhos Indígenas do Norte do Cauca (ACIN) também denuncia a atitude do ministro da Defesa [es]:
Ahora resulta que es culpa de las víctimas de esta masacre, del desplazamiento masivo, de las personas desaparecidas, de las comunidades confinadas en medio del terror lo que les está sucediendo. Culpa de ellas, dice el Ministro, porque no han querido colaborar con la Fuerza Pública. Pretende convencernos de que, si la Fuerza Pública hubiera estado en la zona, estos hechos no se habrían presentado. En consecuencia, llega la hora de militarizar el territorio por completo, con el argumento de proteger a los Awá. Los propios indígenas angustiados y corriendo por las selvas y algunos de sus líderes, no ven más opción que la de pedir ayuda a la fuerza pública. Los medios de comunicación y los voceros del Gobierno y de la coalición de partidos que lo respaldan, le hacen eco a este llamado. Colombianos y colombianas aterrados ante el horror de este genocidio en curso, reclaman lo mismo.
O texto da ACIN continua, na tentativa de explicar o por quê dos Awá estarem sendo mortos. Além de alegar que as forças de segurança colombianas “foram e são um fator de terror”, todos os lados do conflito armado colombiano exercem a violência contra os Awá, que junto com motivos gananciosos e econômicos (diga-se agriculturais, mineradores, e projetos turísticos), ajudam a inflamar a violência contra estas pessoas.
Em outubro último, uma série de manifestações indígenas e marchas pelo país aconteceram, no meio de um grande boicote midiático [en], com pelo menos um de seus sites bloqueados temporariamente [es]. O boicote parece acontecer novamente. No le creemos a RCN [Não acreditamos na Rádio Casa Nariño, es] escreve:
[H]oy en día alguien le está haciendo el juego a las FARC; pues mientras ellos atacan a las comunidades indígenas Tangarial y Awá, alguien presiona a los encargados de los medios de comunicación de la ACIN, robándoles un computador desde donde actualizaban su página, y amenazando al encargado de actualizarla. Lo grave es que el mismo gobierno, la Sip y los demás medios de comunicación son cómplices (como mínimo), pues los primeros no adelantan ninguna investigación al respecto, y los restantes no se dan por enterados (excepto “Semana”).
Na mesma época dos protestos indígenas, o presidente Uribe, já enfrentando greves do judiciário e dos cortadores de cana-de-açúcar, e outros oficiais do alto governo afirmaram que as manifestações estavam “infiltratadas” [es] por guerrilhas, apesar de evidências contrárias [en]. Entretanto, o governo não fez nenhuma única menção e nem retificou as antigas acusações contra os povos indígenas. Até agora, apenas anunciou [es] a nominação de um oficial do exército que atuará como elo entre as autoridades e a comunidade Awá.
2 comentários
Originalmente este artigo foi publicado no dia 17 de fevereiro de 2009. Foi traduzido como gancho para a recuperação de corpos dos indígenas pela minga [uma espécie de mutirão] humanitária que refez a rota do deslocamento dos Awá.