Madagáscar: Protestos e a “História se repete, como no teatro”

O jovem com uma arma certamente não é da polícia. Atrás dele, há uma grande fumaça de um prédio em chamas.  (Foto da página de de Maika Razafindranbeza no Facebook)

Participantes do Yahoo! forum [mg] estão se perguntando como a situação em Madagáscar se degenerou ao ponto de contar com saques, com uma anarquia generalizada e com um vácuo no poder que se apresenta no momento; como a crise e a confusão generalizadas poderiam ter sido evitadas, e como essa situação é diferente e parecida com àquela em 2002, quando oito meses de tempestade política assolaram Madagáscar. E ainda como, por ironia, foi justamente o agora derrotado presidente, Marc Ravalomanana, que exigiu democracia e foi eleito como a opção do povo.

“Ny fanontaniana mipetraka sy tonga ho azy dia ny hoe inona moa no mahasamihafa ny zavatra potika amin'izao taona 2008 izao amin'izay zavatra potika tamin'ny taona 2002? … Ka inona ary no vaha-olana tsy hiverenan'ny fanapotehana

intsony?”

“A pergunta que estamos agora fazendo naturalmente é: qual a diferença entre a destruição atual e a que ocorreu em 2002?… Qual é a solução para que saques e destruição desse tipo nunca aconteçam novamente?”.

Rajiosy entitula uma de suas postagens como:

“L'histoire se repete… en farce”

“A história se repete… como no teatro”

Rajiosy em seguida traça a história das instabilidades políticas de Madagáscar:

  • fikomian’ny mponina tany Atsimo – 1971.
  • fitokonan’ny mpianatra oniversite – Mai 1972.
  • fanenjehana merina tany Toamasina – 1972 na 1973 tsy tsaroako tsara intsony.
  • fanonganam-panjakana tsy nahomby – Desambra 1974
  • fikomian’ny GMP, fametraham-pialana, fandraisam-pahefana sy famonoana filoham-panjakana – Janvier/Février 1975.
  • fanenjehana sy famonoana kômoriana tany Mahajanga – 1975.
  • fitokonan’ny mpianatra indray notarihin’ny Pr Andriamampandry sy ny MAFM KTMA – 1977 izy izay.
  • raharahan’ny kung fu sy ny TTS – 1979 (?)
  • fifanenjehan’ny mafana sy ny miaramila tany avaratry ny nosy – 1979/80 tany ho any (?)fitokonam-be – 1991.
  • fanalana ny filoha Zafy – 1994.
  • fifidianana ady sahala tamin’i Zafy sy Ratsiraka. Itsy farany no “notendrena” ho filoha – 1996.
  • fifidianana sy fitokonam-be ary gidragidra – 2002.
  • rotadrotaka tetsy sy teroa Mahajanga / Toamasina / Fianarantsoa / Toliara – 2003 ka hatramin’ny 2006.
  • fitakiana demôkrasia ho an’ny Viva – 2009
  • .

  • Insurreição ao sul de Madagáscar – 1971
  • Greve dos estudantes – maio de 1972
  • Massacres dos Merina (nota do author: o mais populoso grupo étnico de Madagáscar) em Toamasina – 1972 ou 1973
  • Tentativa fracassada de golpe de estado – dezembro de 1974
  • Insurreição do exército, resignação, mudança de poder e assassinato do líder do país – janeiro/fevereiro de 1975
  • Massacres dos Comorians em Mahajanga – 1975
  • Manifestações estudantis lideradas por Pr Andriamampandry e MAFM KTMA – por volta de 1977
  • Luta violenta entre adeptos do Kung Fu e do TTS (Grupo da Juventude Privada de Direitos) – por volta de 1979 (?)
  • Violência entre rebeldes e exército no norte de Madagáscar – 1979/80 (?)
  • Greves gerais – 1991
  • Impeachment do presidente Zafy – 1994
  • Polêmicas eleições presidenciais. Ratsiraka foi “designado” presidente – 1996
  • Eleições, greves gerais e violência – 2002
  • Protestos espalhados por Mahajanga / Toamasina / Fianarantsoa / Toliara – 2003 a 2006.
  • Exigência de democracia por parte da Viva – 2009

Burzano 2000 acha que é preciso educar as massas para evitar a repetição da violência:

“Mila tadiavina (ianarana) ny lalana sy rafitra ahazoan'ny vahoaka maneho hevitra amim-pahatoniana sy tsy arahin-kerisetra. Mila tadiavina koa ny lalana ahazoan'ny eo amin'ny familiana amin'ny ambaratongam-pahefana rehetra mihaino ny feon'ny vahoaka sy manova famindra tsy arahin-kerisetra rehefa misy ilana izany. Mazava be ilay zava-nisy sy toa mbola misy iny hoe “Émeutes de la faim”. Aza adino fa be dia be ny olona efa tsy nihinana sakafo afa-tsy indray mandeha sy tapany isan'andro na latsak'izay aza raha tsy hiresaka afa-tsy ny ao Tana sy ny manodidina fotsiny aza.”

“Precisamos encontrar formas e procedimento para permitir que as pessoas expressem suas opiniões calmamente e sem violência. Também precisamos encontrar maneiras para que aqueles que estão no poder aprendam a ouvir a voz do povo, e, se necessário, mudem suas formas de governar sem violência. A situação do passado e a atual claramente apontam para “revoltas de fome”. Não se esqueça de que muitas pessoas foram limitadas a uma refeição por dia ou até menos, em Antananarivo e áreas circuvizinhas.”

Essa opinião é apoiada por Nasolo Valiavo Andriamihaja, um famoso colunista do Express de Madagascar, que acredita que o caos era previsível, com base na história malgaxe. Ele argumenta que é necessário ensinar às pessoas a pensarem independentemente e a resistirem ao uso de si próprias por motivos políticos:

“Inona no nitondra amin’izao tampin-dalana izao ka tsy efa nosoratana teto hatramin’ny 2002 ? Inona no mbola hitranga manaraka ka tsy efa hita soritra hatramin’ny 2002 ? Kitaontaona azo nihodivirana tsara mihitsy ny hitsin-dalana noraisin’ny fitondran-dRavalomanana. “

Tsy tojo izao fidinana an-dalambe izao sahady indray ny firenena raha nanana fanetren-tena ny fitondrana. Teny natao tamin-dRatsiraka izany tamin’ny 2001, teny naverina tamin-dRavalomanana hatramin’ izay fito taona izay. Ny anay, izay tsy hikatsoan’ny fiainam-pirenena fotsiny ihany. Ny orinasa mamokatra soa aman-tsara, ny fivarotana mitady fivelomana, ny aina sy ny fananan’ny tsirairay tsy misy ahiana, ny mpiasa tsy lany andro mitokona, ny mpianatra tsy very taona, ny raharaha politika mizotra milamina amin’ny fifidianana voafetra mialoha. Fiainana tsy mila voatsiary fa moramora toa ny any Amerika : ny 4 novambra, isaky ny efa-taona ihany, no misy fifidianana Filoha.

Ny ahiahinay dia ny hiverenan’izao isan-taona, isam-bolana, raha isaky ny mahatsiaro dia hiantso korontana, hamory vahoaka. …

Raha mbola tsangan’olona hatrany no harahin’ny Malagasy dia tsy hisy fandrosoana eto na hanova Filoha isam-bolana aza isika. Tsy misy izany Mesia izany, tsy misy izany fahagagana izany, ary adala izay mino fotsiny ihany. Fitaizana voalohany tsy tanteraky ny antoko politika sy ny mpitaiza isan-tsokajiny (média, société civile, fiangonana, sekoly, raiamandreny) tao anatin’izay dimampolo taona naha Repoblika ny tany izay. Tsy ny fitaomana azy hidina an-dalambe, izay miafara amin’ny faty olona na fandravana fananana, no fitaizana tsara indrindra omena ny vahoaka. Hita izao fa izay mitaona azy hitokona androany, hifoterany hikomy rahampitso.

Ilay hoe demokrasia, tsy kabary fotsiny. Vahoaka ampy fahalalana no fototry ny demokrasia. Tsy mihinana amam-bolony, tsy mankatoa fahatany, tsy manaran-drian-drano. Vahoaka mifidy manavaka fa tsy mandatsa-bato fotsiny. Vahoaka mandinika fa tsy manao rebik’ondry (2). Tsy vita izany tamin’ny 1972, tsy vita tamin’ny 1991, tsy vita tamin’ny 2002, mbola tsy tanteraka ihany indray 2009. Tsy azo ataon’ny mpahalala ny milavo lefona fa fanabeazana tsy maintsy hirosoana io, satria tsy hisy fahagagana rahateo koa. Sanatria mantsy izany hoe ozona ho an’i Madagasikara ny toy izao.”

“O que há nesse impasse que já não passamos em 2002? O que acontecerá que não pudesse ser previsível pelos eventos de 2002? O governo de Ravalomanana levou o país diretamente a essa catástrofe, e ela poderia ser completamente evitada.

Se o governo tivesse um pouco de humildade, não haveria novamente protestos em massa tão cedo no país. Essas palavras alertaram Ratsiraka (nota do autor: ex-presidente que fugiu do país em 2001, quando protestos em massa ajudaram Ravalomanana a ganhar o poder), elas foram repetidas a Ravalomanana nos últimos sete anos. Apenas queremos uma vida tranquila com nossas fábricas produzindo, nosso comércio pulsando, nossas vidas e bens seguros, trabalhadores sem desperdiçar tempo com greves, estudantes sem desperdiçar anos de escolas, assuntos políticos avançando pacificamente com base em calendários eleitorais estabelecidos. Uma vida simples e fácil como na América: em 4 de novembro, a cada quatro anos apenas, se vai às urnas para eleger o presidente.

Temos que acontecimentos como esses sejam repetidos a cada ano, mês, a cada vez que alguém tenha vontade, essa pessoa começará confusões, conclamará protestos em massa.

Se o povo malgaxe continuar seguindo pessoas como essas, nunca haverá progresso mesmo que a gente troque de presidente mensalmente. Não há messias, não existe milagres, apenas os tolos acreditam (nota do autor: esse verso tirado da bíbia foi o slogan político de Ravalomanana em 2002). Os partidos políticos, a imprensa, a sociedade civil, as igrejas, escolas, pais todos falharam na educação durante os últimos cinquenta anos de república em nosso país. A melhor educação que se dá ao seu povo é não encorajar as pessoas a saírem as ruas causando mortes e saques. Agora vemos que seja quem for que tenha comandado a paralisação hoje será o alvo de uma inressureição amanhã.

A democracia não é apenas papo. O povo educado é a base da democracia. O povo educado não segue cegamente, apenas obedecendo e seguindo a correnteza. O povo educado tem uma mente que discerne, ele não se limita a dar o voto. Não alcançamos isso em 1972, 1991, 2002 e nem chegaremos lá em 2009. Os que sabem não deveriam se render, a educação é o último caminho, não existem milagres. Porque Madagáscar não foi amaldiçoada com isso”.

Enquanto isso, outros lamentam profundamente que os polícos malgaxes, tanto os que estão no poder quanto os que estão na oposição, não serão os que mais sofrerão com a crise:

“Ny politika Malagasy moa izany dia efa mahazatra fa miala an`Ankatso dia Ambohidepona, ny mampalahelo dia na ny mpitondra amin`izao na ny mpanotra dia olona tsy tena mijaly na koa tsy tena nijaly tamin`ny 2002 na 1991. Mba tsinjonareo ireo ve ireny mpivarotra anana eny antsena sy mpianatra nandeha tongotra 30 km nandroso sy niverina nandeha nakao antananarivo, mba tsinjonareo ve ilay mpampianatra amin`ny EPP, mpampianatra iray mampianatra kilasy 5 no sady tale, mba tsijonareo ve ny olona voan`ny rivodoza mila fanampiana nefa tsy misy manampy, mba tsijonareo ve ny olona mitady ny hoaniny isanandrosanandro, mba tsinjonareo ve ny mpibata entana na reraka aza dia miasa hatrany….indrisy ny an`ny mpanao politika malagasy rehetra dia haka fitondrana mba hampiadanany ny tenany…

Izaho manokana dia “halako” izay olona mampijaly ny Malagasy na mpitondra io na mpanohitra, ireo mamitaka ny tsy mahalala sy manao tohatra iakarana ireo sahirana; na tsy afa miteny aza ireo dia ny tody tsy misy fa ny atao no miverina. Dia tena firenena voahozona ve i Madagasika, tsy misy afatsin`ny mifampidera hery ve ny ain`ny mpanao politika Malagasy.

TOkony mandeha mitazona angadin`omby kely aloha ireo mpitondra fanjakana sy mpanohitra ireo mba ahatsapana hoe mafy ny miasa mamelotena sy mitady ny ho anina isan`andro, ario ny akanjo mianjaika be ireny dia mba miloloava vary amin`ny gony hatero ho an`ny traboina.”

“A política malgaxe, como sempre, não deixa alternativas, o triste é que nem o governo atual nem a oposição sofrem de verdade com essa situação, eles não sofreram em 2002 nem sofreram em 1991. Pense naqueles que vendem verduras na feira, nos estudantes que precisam andar trinta e poucos quilômetros ida e volta para frequentar a escola em Antananarivo, o professor da escola fundamental que ensina a cinco turmas numa escola que não tem diretor, pense nas vítimas do ciclone, que não contam com nenhuma assistência, naquelas pessoas que precisam encontrar a própria comida diariamente, naqueles que continuam trabalhando mesmo quando estão exautos… enquanto os políticos malgaxes apenas querem agarrar o poder para se enriquecerem…

Eu “odeio” gente que faz o povo malgaxe sofrer, incluindo o atual presidente e os líderes da oposição, aqueles que enganam o povo não educado e usam os pobres como um meio para alcançar uma finalidade, eles apenas sabem como abusar da força que têm. Deveriam tentar trabalhar na foice para que saibam como é duro se sustentar e encontrar o sustento todos os dias, jogue suas roupas da moda fora e vá carregar saco de arroz na cabeça para sentir o desastre gopeando!”

E Tomavana [mg] lamenta que em todo esse caos, as vítimas dos ciclones que devastaram cidades inteiras na semana passada [en] caíram no esquecimento.

“Inona moa izany fa andro iray fanampiny tsy ahafahan’ireo traboina miantehitra afatsy amin’ny tenany ihany indray iny andro iray iny. Inona intsony koa moa no ambarako eo afatsy ny hoe raha mbola zo atao … dia aza mba mipetraka any amin’ny faritany ihany zalahy e !”

“O que mais foi isso senão mais um dia onde o desastre toma conta e eles só podem contar consigo mesmos. O que mais posso dizer, se puder, fique longe das províncias!

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