Líbano: trabalhadoras domésticas convertidas em escravas

Apesar de a mídia e os blogueiros libaneses em geral estarem atualmente mais focados em tópicos políticos, é revigorante ver outras questões sendo discutidas e reportadas. Entretanto, no instante em que os relatórios são publicados, as notícias se revelam ainda piores do que pareciam ser. organizações internacionais como a Human Rights Watch (HRW), Immigration Here & There e blogueiros regionais têm publicado relatos [En] alarmantes sobre o abuso de trabalhadoras domésticas estrangeiras na região [En] e, recentemente, há 200.000 trabalhadoras domésticas declaradas empregadas legalmente no Líbano. E, com a ausência de cobertura da mídia desses relatórios e a falta de atenção por parte de departamentos oficiais no Líbano, os blogueiros estão entrando em ação para instigar a consciência desses fatos on line.

Moussa Bachir usa o espaço do seu blog [En] esta semana para promover o que o Human Rights Watch tem a dizer sobre a situação das trabalhadoras domésticas no Líbano, o que inclui:

Domestic workers are dying in Lebanon at a rate of more than one per week,” said Nadim Houry, senior researcher at Human Rights Watch. “All those involved – from the Lebanese authorities, to the workers’ embassies, to the employment agencies, to the employers – need to ask themselves what is driving these women to kill themselves or risk their lives trying to escape from high buildings.

Empregadas domésticas estão morrendo no Líbano a taxas de mais de uma por semana”, disse Nadim Houry, pesquisador sênior do Human Rights Watch. “Todos os envolvidos – das autoridades libanesas, passando pelas embaixadas das empregadas e pelas agências de emprego, até os empregadores – precisam se perguntar o que está levando essas mulheres a se suicidar ou a arriscar suas vidas tentando fugir de prédios altos.

Lebanese Socialist [En] também destaca o mesmo relatório do Human Rights Watch:

HRW said that at least 24 housemaids have died since January 2007 after falling from multi-storey buildings. “Many domestic workers are literally being driven to jump from balconies to escape their forced confinement,” Houry said.

O HRW disse que pelo menos 24 trabalhadoras domésticas morreram desde janeiro de 2007, após cair de prédios de muitos andares. “Muitas empregadas domésticas são literalmente levadas a pular de sacadas para escapar do seu confinamento forçado”, disse Houry.

Christa Hillstrom, que dedica seu blog à divulgação do perigo e da verdade do moderno comércio global de escravos, diz: [En]

Although the women often come through legal agencies and are somewhat trained for the domestic work, they frequently have their passports confiscated when they arrive and suffer physical and sexual abuse.

Apesar de as mulheres geralmente chegarem através de agências legais e serem, de certa forma, treinadas para o trabalho doméstico, elas freqüentemente têm seus passaportes confiscados ao chegar e sofrem abusos físicos e sexuais.

As notícias perturbadoras continuam quando Hillstorm cita o relatório de Elise Barthet sobre a situação:

Beirut employment agencies promote them as merchandise or, in extreme case, as pets. They offer advice about which nationalities are supposedly docile, easy to maintain or “harder to break.”

As agências de empregos de Beirut promovem-nas como mercadorias ou, em casos extremos, como animais de estimação. Elas [as agências] oferecem conselhos sobre que nacionalidades são supostamente dóceis, fáceis de manter ou “mais difíceis de subjugar”.

Retrocedendo no tempo, podemos encontrar muitos blogueiros como Moustafa, que anteriormente postou [En] sobre suas preocupações com esse fenômeno crescente:

Sure they’re starving and living in miserable conditions, but that doesn’t mean that they have to put up with the ultimate abusive environment: The Lebanese household.

Claro que elas estão passando fome ou vivendo em condições lamentáveis [em seus países de origem], mas isso não significa que elas têm que agüentar o ambiente mais abusivo de todos: o lar libanês.

O professor Asad Abu Khalil [En], no site Angry Arab News Service encontra alívio no fato de que a situação está recebendo atenção internacional do Human Rights Watch:

Finally. Human Rights Watch has noticed.

Finalmente. O Human Rights Watch percebeu.

Alguns meses atrás, o professor Abu Khalil publicou um artigo que aborda a situação das trabalhadoras domésticas no Líbano, o qual, mais tarde, foi postado [En] no site Daily Online Alcohona:

I will never forget Sushar Roxi. Do you remember her? That poor Sri Lankan maid who died by hanging in front of spectators and cameras. Do you remember when the city of Sidon's people woke up to find her dangling from the balcony, after she'd hanged herself with linens? Do you wonder why she hanged herself? Do you wish you could ask her? She dangled from the balcony for hours and nobody noticed or cared. Why did Sushar hang from the balcony and why do we never hear of investigations?

Nunca vou esquecer Sushar Roxi. Vocês se lembram dela? Aquela pobre moça do Sri Lanka que morreu enforcada diante de espectadores e câmeras. Vocês se lembram de quando o povo da cidade de Sidon acordou para encontrá-la pendurada da sacada, depois que ela se enforcou com tecidos? Vocês se perguntam por que ela se enforcou? Vocês gostariam de poder perguntá-la? Ela ficou pendurada no balcão por horas e ninguém notou ou se importou. Por que Sushar se enforcou na sacada e por que nós nunca ouvimos falar de investigações?

Uma postagem mais antiga de Abullor promove [En] um documentário (Maid in Lebanon II) que discute direitos das trabalhadoras, empregos, contratos e termos e condições de trabalho cotidianos.

Outro sinal alarmante que passou despercebido foi mencionado [En] por Hanibaal há alguns meses. A postagem dele aponta para uma declaração aprovada pelo governo etíope que bane a viagem de trabalhadores para Beirut:

…Ethiopia passed the bill after it conducted a thorough analysis into the human right violations and domestic violence Ethiopian migrants face behind closed doors in Lebanon while in duty as maids.
…Past human right records show that 67 Ethiopian women died between 1997 and 1999 alone in Beirut while working. Many were never heard from again and many others remain very difficult to trace because their employers change their Christian name to let them in to the country as Muslims.

…A Etiópia aprovou essa declaração, após conduzir uma análise detalhada das violações dos direitos humanos e da violência doméstica que migrantes etíopes enfrentam a portas fechadas no Líbano enquanto trabalham como empregadas.

…Registros de direitos humanos passados mostram que 67 mulheres etíopes morreram entre 1997 e 1999, sozinhas em Beirut enquanto trabalhavam. Nunca mais se teve notícia de muitas delas e outras continuam difíceis de localizar porque seus empregadores mudam seus nomes de batismo para que elas entrem no país como muçulmanas.

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