Brasil: Lágrimas e aplausos na troca de prisioneiros no Oriente Médio

Brasileiros de descendência árabe ou blogueiros interessados em tudo o que se passa no Oriente Médio falam da troca de prisioneiros entre Israel e Líbano. Considerando que o Brasil é possivelmente o país que abriga a maior população de descendentes de árabes fora do Oriente Médio, há pontos de vista apaixonados tanto a favor quanto contra o acordo, e tantas lágrimas quanto aplausos.

Groove is in the Rahal, numa postagem entitulada “Sinto muito”, sentiu a necessidade de expressar seus sentimentos em relação ao povo árabe:

Difícil falar sobre os conflitos no Oriente Médio. Por mais que eu estude, nunca é suficiente. Mas sei o necessário para dizer que sinto muito pelo sofrimento do povo palestino, libanês, árabes em geral.
Para quem me conhece e sabe da minha descendência e forte ligação com a história das arábias, pode achar tendenciosa a minha posição. Não culpo o povo israelense, que também sofre com conflitos sequenciais, mas a tendência aqui parte de um princípio básico: a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Sim, árabes são poderosos, mas nesse caso estão em desvantagem.
Infelizmente o extremismo, o radicalismo xiita cai bem em um contexto assim…

Brasileiro com base na Alemanha, Felix Dhimmi teve esperanças que pelo menos um dos prisioneiros fosse entregue com vida, e ficou muito decepcionado ao saber que apenas caixões voltaram a Israel:

Honrar compromissos com inimigos sem honra é atitude válida quando ela conduz à paz, e a atitude do Hezbullah mostra uma intenção oposta à esta, a intenção é a de humilhar, pisar e alimentar o ego dos árabes tribalistas, insuflá-los com orgulho sem sentido, orgulho baseado em nenhuma realização senão a morte de inocentes, como os pequenos mortos pela ação da besta Kuntar e de seus cúmplices, um ato que deságua no objetivo final deste grupo que é a eliminação de Israel e seu povo, com criminosos assim as regras civilizadas não contam.

Anwar Assi acredita que a liberação dos prisioneiros não poderia ter acontecido em uma data mais simbólica, exatamente quando o povo libanês celebra o segundo aniversário da vitória contra Israel na guerra de 2006.

A libertação dos combatentes libaneses é sem dúvida nenhuma uma grande vitória da Resistência Islâmica, comandada pelo Hezbollah, que não poupou esforços para colocar fim a um dos piores dramas causados pela ocupação isralense do território libanês: a questão dos prisioneiros em cárceres judaicos. […] O Hezbollah já prometeu que não vai poupar esforços para colocar um fim a estas agressões. Quando o Hezbollah promete, cumpre. No caso dos prisioneiros, a promessa sincera de libertá-los foi cumprida.

Pedro Dória [pt], que há algum tempo é referência nacional por sua cobertura do Oriente Médio, questiona os ganhos desses seqüestros que “foram a desculpa para a guerra que tirou o último vestígio de moral do governo libanês”:

Perguntar não custa: de que adiantou botar o Líbano abaixo se, no fim, o governo de Israel terminaria por capitular perante o Hizbolá? […] Era melhor ter feito a negociação pela troca antes, quando soldados e vítimas libanesas da guerra estavam vivos e o governo libanês ainda tinha alguma força perante o Hizbolá. Guerra estúpida – coberta por este Weblog – para resultados piores ainda.

Para encerrar, um das várias charges políticas do artista brasileiro Carlos Latuff, que apóia a causa da Palestina e do Líbano contra Israel.

O povo árabe tem raízes profundas na miscigenação cultural brasileira. Estima-se que 70.000 imigrantes árabes (principalmente libaneses e sírios, mas também do Jordão, da Palestina e do Iraque) chegaram ao Brasil entre o fim do século XIX e início do século XX, formando a população atual de cerca de 10 milhões de descendentes diretos ou indiretos. Os árabes brasileiros são considerados a maior população árabe fora do Oriente Médio, segundo a Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.