Macau: Torcida animada durante passagem da tocha olímpica

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Foto da galeria do Flickr de Tori birdie~

Ao contrário de nos outros países da rota, a tocha olímpica só encontrou sorrisos hoje em Macau, última etapa antes do início do périplo na China Continental. Os corredores já finalizaram o revezamento da tocha pela cidade sem nenhum registro de incidentes por parte de protestantes. Pelo contrário, a passagem da chama olímpica foi saudada por espectadores de bandeirinhas na mão que mal puderam conter o entusiasmo enquanto a tocha desfilava pela antiga colônia portuguesa, que voltou ao governo chinês em in 1999. Leocardo traz uma reportagem completa:

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Foto da galeria do Flickr de Tori birdie~

Passavam 44 minutos das 15 horas quando o Chefe do Executivo Edmund Ho entregou a tocha olímpica ao primeiro transportador; Leong Hong Man, atleta de Wushu, era o primeiro a transportar a chama olímpica em Macau. Ainda na Doca dos Pescadores entrgou-a ao bilionário Stanley Ho, que apesar de ter dado apenas alguns passos, mostrou-se extremamente bem disposto e cheio de fervor patriótico, e afirmou que pelo seu país transportaria a tocha “até ao fim do mundo”.

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Foto da galeria do Flickr de Tori birdie~

Entre as personalidades convidadas para transportar a tocha destacaram-se Costa Antunes, director dos Serviços de Turismo, Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau ou Paula Carion, atleta de judo medalhada nos últimos Jogos Asiáticos. A cantora de Hong Kong Miriam Yeung, que esteve na base de uma polémica que levou ao afastamento do deputado José Pereira Coutinho, usou os seus 30 segundos para gritar “yeah! yeah!” enquanto sacudia o punho esquerdo.

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Foto da galeria do Flickr de H.L.Tam

Foi um lugar comum. Todos sorriam para ficar bem na fotografia e mandavam adeuzinhos enquanto seguravam na tocha. O ar mais grave terá sido o de Leong Heng Teng, que levou a tocha de volta à Doca dos Pescadores e terminou a relay de Macau. Devido a uns atrasos “à portuguesa” (herança cultural?) a tocha nunca chegou a passar pelo Leal Senado. Não se sabe se desta vez os comerciantes da Av. Almeida Ribeiro alegaram transtorno para o comércio (sou tão mauzinho, não sou?) para que se dispensasse a passagem pela principal artéria do território.

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Foto da galeria do Flickr de H.L.Tam

Milhares de residentes saíram à rua, juntando-se a eles os turistas, muitos deles vindos da China Continental. A generalidade – mesmo os ocidentais – parece concordar com a ideia de que as reivindicações dos manifestantes deviam ser feita em sede própria, e longe, portanto, do evento da passagem da tocha olímpica. Um grupo de cristãos filipinos (Jesus Rocks?) juntou-se à festa para “abençoar os Jogos”, segundo eles.

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Foto da galeria do Flickr de H.L.Tam

A tocha olímpica passou hoje por Macau pela primeira vez na História, e provavelmente a última, pelo menos em muitos anos. A passagem foi pacífica e sem qualquer tipo de incidentes semelhantes aos que aconteceram noutras etapas da passagem do fogo Olímpico, o que leva a questionar o tremendo aparato de segurança que se verificou. Aparentemente Macau não está na agenda dos apoiantes da causa tibetana, e os activistas de sofá ficaram em casa a ver pela TV.

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Foto da galeria do Flickr de H.L.Tam

A tocha agora está de volta à China Continental, sendo que parada segue para Pequim a caminho dos Jogos Olímpicos que acontecem de de 8 a 24 de agosto.

6 comentários

  • […] tocha em Macau 03Mai08 Acabei de escrever, e rapidamente traduzi, um artigo para o Global Voices sobre a passagem da tocha olímpica por Macau. Na verdade, poderia […]

  • Causou-me estranheza a sociedade Macauense saudar festivamente a Olimpiada Comunista de 2008, apesar da mortandade do regime aos povos do Tibet, aos de Myanamar. Certamente são as descêndencias chinesas que identificam-se , à distância, com a causa do Partido Vermelho Chinês. Não sofrem eles, a escravidão e violência de um regime totalitarista que bem o mal os compensa, hoje, com a abertura econômica aos moldes capitalistas. Certamente, esta parcela da sociedade macauense de origem chinesa estão à sofrer da desiformação e distorção da Mídia chinesa que ocultua a opressão e repressão à povos que desejam tão somente, serem cidadãos livres e democratas. Nestas imagens, raros vê-se cidadãos portugueses a festejar a passagem da tocha, pois há com certeza entre nossos irmãos, a consciência do que é viver uma ditadura, como a de Salazar por mais de 45 anos em Portugal.
    Lamentável a indiferença (talvez) daqueles que comemoram as Olímpiadas da Opressão de Beijing 2008.

  • Neste ponto eu concordo com você, Marta. Causa-me também estranheza ver a maneira como segmentos das sociedades de diversos países estão reagindo a estas Olimpíadas. Não entendo os macauenses — talvez por ignorância da minha parte — como também não entendo os Indianos quando também ficam divididos sobre o tema. Sobretudo não entendo qual é o posicionamento das pessoas a respeito do Tibet.

    Só há uma coisa que entendo: o Tibet e o eventual sofrimento do povo chinês importam menos, para alguns líderes mundiais, do que a oportunidade que representam de se opor à crescente China no cenário internacional. Como tenho para mim o hábito de achar que as coisas são mais complexas do que parecem a princípio, talvez mais sãos sejam os Macauenses ao saudar a tocha do que nós a engrossar o coro dos que atacam a China por conta da invasão do Tibet mas cantam hosanas para os EUA, ignorando a devastação do Vietnan, as bombas de Hiroshima e Nagasaki, a destruição do Afeganistão, a relação ambígua e a invasão despropositada por duas vezes do Iraque e o apoio ao Israel que massacra o povo palestino.

    Em suma, em um mundo onde terroristas de tal escala resolvem brigar uns com os outros, acho que prefiro guardar minha bandeira e observar do que sair tomando lados que podem me colocar ombro a ombro com vilões ainda piores do que aqueles que me ponho a demonizar.

    É como opor-se ao Chávez. Invariavelmente você começa a fazer parte, e defender mesmo que não queira, interesses da Casa Branca. E eu posso te garantir que se Chávez que nunca invadiu país algum é temível pra vc, o que falar então do presidente dos EUA que em seu tempo de governo já invadiu mais lugares e matou mais pessoas do que Chávez poderia sonhar em toda a sua “tirania”?

    Confesso que não consigo entender a sua lógica. Talvez seja burrice da minha parte. :)

  • Duensde disse: “Talvez seja burrice da minha parte”. É uma possibilidade. Eu não digo isto com aqueles que de mim divergem, tampouco de mim mesma. Ademais sou ainda uma cidadão livre, não PENSO COLETIVAMENTE como o querem os Comitês, as Assembléias, os Foros, os Congressos ou simplesmente a “seita” petralha-chavista.

    Sugiro-te expressar sua opinião, (como é um salutar a liberdade, o estado democrático) sem contudo, admoestar os meus direitos ou de outros que vieram a se expor neste espaço.

    Passar bem, meu senhor!

  • Duende disse: “Talvez seja burrice da minha parte”. É uma possibilidade. Eu não digo isto com aqueles que de mim divergem, tampouco de mim mesma. Ademais sou ainda uma cidadão livre, não PENSO COLETIVAMENTE como o querem os Comitês, as Assembléias, os Foros, os Congressos ou simplesmente a “seita” petralha-chavista.

    Sugiro-te expressar sua opinião enquanto indivídulo livre, sem a orientação coercitiva do partidarismo, (como é um salutar a liberdade que só um estado democrático pode permitir) sem contudo, admoestar os meus direitos ou de outros que vieram a se expor neste espaço, seja voce mediador ou não.

    Passar bem, meu senhor!

  • Minha cara Marta. Considero sobremaneira a liberdade dos indivíduos para pensar, acreditar e expressar o que bem quiserem. Respeito inclusive a liberdade de todos de acreditar que suas idéias, opiniões, posições são simplesmente suas, surgidas do nada e não influenciadas por nenhum grupo, política, agenda ou tendência. Vejo com maus olhos, contudo, quando pessoas acreditam que suas ações existem no vácuo e não influenciam, mesmo que inadvertidamente, o mundo à sua volta.

    Foi à luz dos posicionamentos acima colocados que, respeitando sua liberdade de pensar como pensar, usei de minha liberdade de discordar de você e considerar que suas posições são, talvez sem que você se aperceba, alinhadas com grupos e interesses políticos que vejo como contrários aos interesses legítimos do povo da América Latina.

    Não houve cerceamento de liberdade alguma, nem da sua nem da minha parte, e acreditar que por ser mediador e discordar de você estou exercendo algo além dos meus direitos de cidadão, assim como você, em expressar minhas discordâncias me soa como mania de perseguição. Seus comentários tiveram o mesmo destaque, não foram modificados de forma alguma, e os respeito tanto que considero-os um chamado à discussão.

    Se houver, contudo, algum argumento legítimo que queira colocar nesta pequena discussão, ou puder me apontar de que forma “admoestei” vossos direitos de expressão, estou à vossa disposição para debater estes pontos.

    De resto, seja muito bem vinda ao Global Voices em Português, e passe bem.

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