Guatemala: Uma campanha publicitária de mau gosto

“Viver a vida, não morrê-la” [es] é o que Claudia Navas diz no Ordinaria Locura, onde ela relata detalhadamente problemas sérios que a Guatemala está encarando em relação à violência contra jovens mulheres:

Las cifras de feminicidio en el país son alarmantes, según la Policía Nacional Civil, hasta el 2 de octubre se habían registrado 377 muertes, cifra que seguramente ha aumentado, pues tan sólo al hojear los periódicos cada día me encuentro con una víctima más. Entre ellas, a muchas que ni siquiera han llegado a la mayoría de edad.

As estatísticas de feminicídio no país são alarmantes, segundo a Polícia Civil Nacional, até o dia 2 de outubro tinham sido registrado 377 mortes, um número que com certeza aumentou, pois basta olhar os jornais a cada dia que me deparo com mais uma vítima. Entre elas, há muitas que nem sequer tinham chegado à maioridade.

Mesmo com essas tristes estatísticas, uma sapataria da Guatemala lançou uma campanha publicitária que muitos blogueiros acharam fora do tom. o blogue internacional VISUALMENTE explica o conteúdo desses anúncios na postagem Poco hombre [es]. O blogue também mostra dois dos anúncios em questão.

El 19 de noviembre en Guatemala una empresa zapatera llamada MD lanzó una campaña por su nueva colección de zapatos. “Está de muerte” es el eslogan que acompaña las piezas gráficas de esta patética campaña de publicidad, en cuya imágenes aparece el cadáver de una mujer desparramado sobre un sofá, y en otra, el cadáver de otra mujer en una camilla de una morgue o de un hospital, eso sí, ambas con unos zapatos muy lindos y vistosos, pero muertas. ¿Mujeres muertas para promocionar zapatos?

No dia 19 de novembro na Guatemala, uma sapataria chamada MD lançou uma campanha para a sua nova coleção de sapatos. ‘Está de morrer’ é o slogan que acompanha as peças gráficas de uma campanha publicitária patética, em cujas imagens aparecem o cadáver de uma mulher esparramada sob um sofá e o cadáver de uma outra mulher em uma câmara de um hospital, ambas com um sapato muito lindo e vistoso, porém mortas. Mulheres mortas para promover sapatos?

Desing Drink concorda que foi de muito mal gosto nessa postagem [es]:

Coincido con muchos periodistas guatemaltecos que tachan la publicidad de la zapatería MD como INOPORTUNA, ya que el pasado 25 de noviembre se conmemoró un día más de la NO VIOLENCIA CONTRA LAS MUJERES, una fecha que ni siquiera debería existir.

Concordo com muitos jornais da Guatemala que tacharam a publicidade da sapataria MD como INOPORTUNA, já que no dia 25 de novembro passado se comemorou um dia a mais de SEM VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES, uma comemoração que sequer deveria existir.

Black Creative Box [es] também mostra seu ponto de vista:

somos nosotros los exagerados? Es cierto que la publicidad mientras más controversial mejor pero existen millones de formas de hacer una campaña de zapatos.

nós somos os exagerados? Está certo que na publicidade quanto mais polêmico melhor, mas existem milhões de formas de se fazer uma campanha de sapatos.

Guatemalidades [es] compartilha em seu blogue a história de uma garota, Wendy, assassinada por um namorado enraivecido, e da rejeição à propaganda nas ruas da Guatemala:

..no pienso comprar nunca zapatos en MD. las muchas Wendys de Guatemala que han visto sus sueños truncados por una violencia tonta y la rídicula imposición de la moda y la necesidad de “venderse” para convertirse en mujeres “honradas” y “esposas”. esa misma moda que descalifica el cerebro y cualifica a la mujer por el tamaño de sus tetas y el diámetro de su cintura, es aberrante usar la muerte para vender precisamente lo que provoca la violencia.

… não penso em comprar nunca sapatos da MD. As muitas Wendys de Guatemala que têm visto seus sonhos truncados por causa da violência sem noção, da imposição ridícula da moda e da necessidade de ‘vender-se’ para converterem-se em mulheres ‘honradas’ e ‘esposas’. Essa mesma moda que desqualifica o cérebro e qualifica a mulher pelo tamanho de seus peitos e o diâmetro de sua cintura, é aberrante usar a morte para vender precisamente o que provoca a violência.

A coluna de Ana também se preocupa, como na postagem Muerte Súbita:

Esa publicidad, que copia una corriente surgida algunos meses atrás en otros países, y que fue interrumpida inmediatamente por las entidades de mujeres y de derechos humanos, debe ser retirada de inmediato porque es una bofetada en el rostro de las mujeres guatemaltecas. Guatemala es el segundo país en el mundo –solo Rusia le gana– con el mayor número de mujeres asesinadas.

Essa publicidade, que copia uma corrente surgida há alguns meses atrás em outros países, e que foi interrompida imediatamente pelas entidades de mulheres e de direitos humanos, deve ser retirada de imediato porque é uma bofetada no rosto das mulheres da Guatemala. A Guatemala é o segundo país no mundo – só perde para Rússia – em número de mulheres assassinadas.

(Texto original de Renata Avila)

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

2 comentários

  • H. Romeu Pinto

    Que bobajada. Não há relação nenhuma entre a referida campanha publicitária e a tal “violência contra a mulher”. Todo essa histeria só podia mesmo vir das mentes idiotizadas pela lavagem cerebral “politicamente correta” e todas suas frescuras associadas.

  • Caro Romeu,

    obrigado por contribuir com seu anônimo e radicalmente macho ponto de vista. Que mal há em uma campanha que faça “graça” com o assassinato de mulheres, já que você não é mulher, não é mesmo?

    Se houvesse um prêmio para idéias políticamente incorrentas, você deveria ser indicado para concorrer a ele. Mas não há tal prêmio, pois semelhantes idéias são profundamente lugar-comum neste mundo, e responsáveis por algumas de suas mazelas. Pense nisso quando der as caras por aqui novamente e, se for possível, deixe seu nome. Expressar pontos de vista politicamente incorretos extremamente comuns por trás de um pseudônimo batido pode soar pouco corajoso aos olhos de alguns, sabe?

    Abraços do Verde.

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