Colômbia: Eleições locais e a influência de Uribe

 

Foto de Dfinnecy e usada sob licença do Creative Commons

No domingo, 28 de outubro, os colombianos foram às urnas para eleger [en] seus prefeitos, vereadores, governadores e deputados departamentais. Os dias que antecederam às eleições foram marcados pela violência contra candidatos [en]. Em algumas regiões, alianças políticas que seria improváveis há um ano se tornaram possíveis, enquanto alguns candidatos independentes ganharam algumas posições importantes em grandes cidades (como Medellín ou Cartagena). Em Bogotá, apesar de uma gafe imensa [es] num debate na televisão na semana anterior, onde o candidato admitiu que ele “compraria votos” de forma a salvar a cidade do outro candidato que compraria mil vezes mais votos, Samuel Moreno Rojas [en], que é “de esquerda”, se tornou o novo prefeito [en]. Essa eleição também contou com uma ‘campanha suja’ contra Rojas e seu maior opositor, Enrique Peñalosa, o que incluiu o aparecimento [en] de velhas entrevistas e até um “endosso” secreto do Presidente Uribe a Peñalosa. Incidentemente, Moreno é neto de Gustavo Rojas Pinilla, o único ditador colombiano no século 20.

Plan Colombia and Beyond traz um ótimo resumo [en] das eleições, se você quiser saber dos detalhes. Um ponto de vista ligeiramente diferente, mas interessante, pode ser encontrado no Bloggings by Boz [en].

Na blogosfera local, as reações foram mistas. No Atrabilioso [es], o jornalista Jaime Restrepo se refere à vitória de Moreno Rojas em Bogotá:

Samuel Moreno Rojas ganó… y de lejos, con una votación histórica de más de 900 mil votos.

El triunfo del candidato del PDA a la alcaldía de Bogotá demuestra, en primer término, que Álvaro Uribe Vélez no tiene la potestad de endosar los votos.

Pese a los discursos que pronunció el Presidente, y que eran indirectas contra Moreno Rojas, los bogotanos optaron por las propuestas del candidato del PDA y dijeron no a la reelección de Enrique Peñalosa Londoño.

Así las cosas, los ciudadanos capitalinos decidieron elegir a quien prometió la construcción del metro, a aquel que se comprometió con una amnistía para los infractores de tránsito y aseguró que no construirá peajes urbanos ni cobrará más impuestos.

[…]

Sin embargo, en estas elecciones pierde el PDA, que en la última semana de desesperación llegó a reconocer que las palabras del Presidente, en las que no mencionó ni un solo nombre, le caían como guante a su candidato a la alcaldía de Bogotá.

Uribe fue claro y reiterativo: el candidato al que apoyan las FARC en sus páginas de Internet, el que no rechaza a los terroristas, el que gaguea al momento de rechazar la compra de votos… para todos era claro que blanco es y gallina lo pone, pero el PDA, especialmente su presidente Carlos Gaviria Díaz, salió a la palestra a descalificar a Uribe y a señalarlo de participar en política.

Samuel Moreno Rojas ganhou… e de longe, com uma votação histórica de 900.000 votos. A vitória do candidato do PDA [Pólo Democrático Alternativo] para a prefeitura de Bogotá demonstra, em primeiro lugar, que Álvaro Uribe Vélez não tem o poder de voto.

Apesar dos discursos de pronunciamento do presidente, e que foram indiretas contra Moreno Rojas, os moradores de Bogotá optaram pelas propostas do candidato do PDA e disseram não à reeleição de Enrique Peñalosa Londoño.

Assim sendo, os cidadãos da capital decidiram eleger aquele que prometeu a reconstrução do metrô, que se comprometeu com com uma anistia para os infratores de trânsito e que assegurou que não construirá pedágios urbanos nem criará mais impostos.

[…]

Mesmo assim, nessas eleições sai perdendo o PDA, que na última semana de desespero chegou a reconhecer que as palavras do presidente, mesmo que não tenha mencionado um só nome, caíram como uma luva no seu candidato à prefeitura de Bogotá.

Uribe foi claro e reiterativo: o candidato que tem o apoio da FARC em suas páginas na internet, que não rejeita os terroristas, aquele que gagueja ao rejeitar a compra de votos… para todos era claro quem ela era, mas o PDA, especialmente seu presidente, Carlos Gaviria Díaz, entrou na briga para desqualificar Uribe e acusá-lo de participar em política.

Enquanto isso, Marsares, com base nos resultados para prefeitura e governo, observa no equinoXio [es] os “frustrados” (Álvaro Uribe, Partido do U [no poder], o Partido Conservador [no poder], guerrilhas), os “estagnados” (Mudança Radical [no poder], Alas Equipo Colombia [no poder], Pólo Democrático Alternativo [oposição], Partido Liberal [oposição]) e os “vencedores” (os independentes, o narrador esportivo William Vinasco [terceiro lugar nas eleições de Bogotá], alguns chefes regionais, o Registro Nacional) das eleições. E no final da postagem, ele alega:

Repartido el poder regional se demuestra que el uribismo es Uribe. Sin él, la lucha queda abierta y cualquier cosa puede pasar, incluyendo su segunda reelección.

O poder regional dividido demonstra que o ‘uribismo’ é Uribe. Sem ele, a luta continua aberta e qualquer coisa pode acontecer, incluindo sua segunda reeleição.

Mas Juglar del Zipa [es] acha que Uribe na verdade “ganhou”:

Antes, como he dicho hace un rato y hace unos años, Uribe —o los uribistas, que no sé si es lo mismo, pero supongo, ya verán, que no es así— puede beneficiarse del hecho de que la alcaldía de Bogotá esté en manos de la supuesta oposición porque así muestra, demuestra y convence a una cantidad de gente de que aquí en Colombia sí hay garantías para, como dice él, «practicar la democracia».

Antes, como tenho dito há algum tempo e há alguns anos, Uribe – ou os ‘uribistas’, que não sei se são a mesma coisa, mas suponho, vocês verão, que não é assim – podem se beneficiar do fato de que a prefeitura de Bogotá está nas mãos da suposta oposição, porque assim se mostra, se demonstra e convence a um número de pessoas daqui da Colômbia que existem garantias de, como diz ele «praticar a democracia».

Como opositor do PDA, Alejandro Peláez escreve no Machete [es] sobre as juntas administrativas locais de Bogotá (JAL), uma entidade legislativa ainda mais local, equivalente a câmara de vereadores, mas em cada uma das 20 localidades da cidade:

Según los resultados electorales, el Polo Democrático Alternativo obtuvo el mayor número de curules para edil en Bogotá. Sin embargo, nadie ha manifestado que quien realmente ganó en las elecciones para las JAL no fue el Polo sino el voto en blanco.

[…]

Este fenómeno puede tener varias interpretaciones:

  • El electorado no ve que las JAL cumplan un papel relevante y prefiere abstenerse de definir un candidato.
  • Al elector le da pereza investigar los candidatos que se presentan y opta por el voto en blanco.

Una conclusión importante: el poder del voto en blanco es prácticamente nulo.

Segundo os resultados das eleições, o Polo Democrático Alternativo obteve o número maior de assentos para a câmara de vereadores de Bogotá. Mesmo assim, ninguém se manifestou quanto ao fato de quem realmente ganhou as eleições para as JAL não foi o Polo mas sim o voto em branco.

[…]

Esse fenômeno pode ter várias interpretações:

O eleitorado não vê que as JAL cumprem um papel relevante e prefere se abster de definir um candidato.

O eleitor é preguiçoso para investigar os candidatos que se apresentam e opta pelo voto em branco. Uma conclusão importante: o poder do voto em branco é praticamente nulo.

El Oyerista [es] escreve sobre a cobertura das eleições no rádio, dizendo que enquanto a pró-Uribe Rádio RCN foi mais “rápida” e clara ao divulgar os resultados, a Rádio Caracol foi a melhor na análise deles. Álvaro Montes também elogia [es] a cobertura da Rádio Caracol e da TV Caracol (que deixaram de ser empresas do mesmo grupo em 2001) por colocar analistas com inclinação para a esquerda. Ele também se refere aos resultados de Bogotá:

Pero por lo que más me alegra es porque significó un ladrillazo en la cabeza para Uribe y el uribismo, que hicieron cuanto les fue posible para impedir un segundo periodo del Polo Democrático en la alcaldía de Bogotá y tenían sus esperanzas puestas en Enrique Peñalosa. Uribe intervino en política la semana previa a las elecciones, dijo que Samuel era el candidato de las “Far” y otras tonterías. El presidente que ha ganado dos veces gracias a la compra de votos y al constreñimiento de los electores a punta de fusil paramilitar, acusó a Samuel Moreno de “comprador de votos”. ¡Vaya!

Mas o que mais me alegra é porque [o resultado] significou uma tijolada na cabeça para Uribe e o ‘uribismo’, que fizeram o que foi possível para impedir um segundo mandato do Polo Democrático na prefeitura de Bogotá e que tinham suas esperanças postas em Enrique Peñalosa. Uribe interveio na política durante a semana antes da votação, disse que Samuel era o candidato da “Far[c]” e outras besteiras. O presidente que ganhou duas vezes, graças à compra de votos e pressionando os eleitores com a ponta do fusil paramilitar, acusou Samuel Moreno de ser “comprador de votos”. Toma!

Finalmente, Tienen huevo [es] faz piada com a “segurança” depois das eleições, mostrando imagens dos tumultos em algumas localidades quando os perdedores não aceitaram a derrota de seus candidatos.

(Texto original de Carlos Raúl van der Weyden Velásquez)

 

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

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