Expatriados etíopes refletem sobre os sons e cheiros de casa

Os elos que unem expatriados da Etiópia à sua terra natal dominou a blogosfera etíope nas semanas que passaram.

Cidadãos da Etiópia que moram nos EUA, Europa e Ásia trouxeram uma série de posts emocionantes, explorando memórias da infância, comida regional, música e o assunto mais amplo da identidade nacional.

Tobian começou refletindo sobre The Namesake[En] [Nome de Família], um filme sobre um rapaz americano de nascimento, filho de imigrantes indianos nos EUA.

Tobian traçou vários paralelos com a sua própria experiência nos Estados Unidos, que ele vai destrinchando no seu post Namesake[En]:

“Sometimes I feel like I have multiple personalities. One that I have with Americans, another one that I have with immigrants in America and finally my personality with Ethiopians, the last one being the closest to the real me. I’m not deceiving nor fabricating, it’s just that I know limitations of my interaction with these different groups, and that’s OK by me. But sometimes I realize that my interactions almost seem like work, like I have to actively monitor my boundaries, I am acutely aware of what fits in their world views and not.”

“Às vezes sinto que tenho personalidades múltiplas. Uma que assumo entre americanos, outra que assumo entre imigrantes na América e, por fim, a minha personalidade entre etíopes, essa última a mais próxima do real eu. Eu não estou enganando nem inventando, apenas sei as limitações de minha interação com esses grupos diferentes, para mim está tudo bem. Entretanto, ás vezes percebo que minhas interações são como trabalho, como se eu tivesse que monitorar efetivamente minhas fronteiras, eu tenho muita consciência do que cabe no ponto de vista de cada grupo e o que não cabe.”

Yemi, a escritora por trás do blogue Don’t eat my Buchela é uma etíope que mora com a família na China. Ela descreve seus esforços para que seu filho se interesse por música tradicional da Etiópia em My Son, My Ethiopian Music, Myself [EN]:

“Traditional Ethiopian music is an acquired taste.

If you didn’t grow up with it, the first time you hear it, you are not going to say “wow, I gotta get me some of that!”

With that in mind, I am on a mission to ensure that Buchela acquires the taste for Ethiopian music through daily brainwashing sessions of videos via You Tube.

He loves sitting on my lap and watching the singers and dancers on my computer.

Today, I am putting up our current favorite “Alem Alemye”. There are days when this song puts knots in my stomach.”

“Música tradicional da Etiópia é um gosto que se adquire.

Se você não cresceu com ela, a primeira vez que você ouve não vai fazer com que você diga ‘Uau! Eu tenho que ter mais disso!’

Tendo isso em mente, eu estou em meio uma cruzada para garantir que Buchela tome gosto pela música da Etiópia, através de sessões diárias de lavagem cerebral através de vídeos no You Tube.

Ele adora sentar no meu colo e assistir aos cantores e dançarinos no meu computador.

Eu vou hoje passar a favorita do momento, ‘Alem Alemye’. Tem dias em que essa canção me deixa com um frio na barriga.”

Bernos, outro etíope nos Estados Unidos, falou de seu profundo apego ao som do Washint, uma flauta de madeira tradicional, em A Washint Melody![EN]:

“I love the Washint, because it reminds me the green mountainous pastured grounds of south western Ethiopia… The zema of the Washint, I have always associated with the highlands of Ethiopia, it’s a deep mystical soothing sound. It gives me the sensation of calmness; it reminds me of Ethiopia’s Arbegnoch. Now that I think about it, I think I must somehow have associated it as the background music of those old documentary videos I saw on ETV.”

“Eu amo Washint, porque me lembra das montanhas forradas de pastos verdejantes do sul da Etiópia ocidental… A baixa freqüência do Washint, que eu sempre associei com a região montanhosa da Etiópia, é um som profundamente místico e apaziguante. Ele me dá uma sensação de calma; me lembra de Arbegnoch na Etiópia. Agora que começo a pensar sobre isso, percebo que devo de alguma forma ter associado esse som à trilha sonora daqueles velhos vídeo-documentários eu via na ETV.”

Bernos está de volta, descrevendo um encontro emocionante com um compatriota trabalhando no aeroporto de Zurique em A friend anywhere [EN]:

“He was very sweet. He was so happy to see another Ethiopian and so proud. He told me about his wife and kids and how he’s planning on moving back to Addis for good; how he used to be a runner and about life in Switzerland and the Ethiopian community there. After awhile he said he had to get back to work so he left me to finish my coffee and pointed out where I can use the internet. I sat there for awhile thinking about the kindness of our people and our culture. More often than not I make a note of how my culture conflicts with my lifestyle rather than what it adds to it.”

“Ele era um doce de pessoa. Tão feliz em ver outro etíope e tão cheio de orgulho. Ele me contou sobre sua esposa e filhos, e de seus planos de voltar de vez para Addis; sobre como ele costumava trabalhar de mensageiro e sobre a vida na Suiça, sobre a comunidade etíope dali. Depois de um tempinho, ele me disse que tinha que voltar ao trabalho e me deixou a terminar meu café, mostrando onde eu poderia usar a internet. Eu fiquei lá sentado por um tempo, pensando sobre a bondade de nosso povo e cultura. Quase sempre noto como minha cultura entra em conflito com meu estilo de vida, em vez de acrescentar algo a ele.”

Ethiopia Encyclopedia fechou o círculo descrevendo o sentimento de voltar à Etiópia dos Estados Unidos em Good Morning Addis! [EN]:

“I am finally here. Good morning Gunfo! Good morning Addis Ababa! Good morning the best tasting coffee in the world! Good morning the biggest baked bread in the world!

Ahhhhhh! I can finally exhale; and my breathe can mix with Addis Ababa’s air. It was such a struggle, making the decision to move here for a personal informal education, school (MA in Ethiopian Studies at AAU) and work. The process of convincing my family and myself at times (a two year process) that the risk (of being robbed in Merkato, dying of Malaria, receiving a poor education, being arrested by the government, having my hand eaten off by a lion, etc.) was worth my time exhausted my eagerness to come. I was falling into indifference; and how dangerous is the feeling of indifference. It wasn’t until my flight to Ethiopia that my spirit was renewed.”

“Finalmente cheguei. Bom dia Gunfo! Bom dia Addis Ababa! Bom dia ao melhor café do mundo! Bom dia ao maior pão saído do forno do mundo!

Ahhhhhh! Finalmente posso exalar; e minha respiração pode se misturar com o ar de Addis Ababa. Foi uma luta tomar a decisão de me mudar para cá em busca de uma formação pessoal informal, escola (mestrado em Estudos Etíopes na AAU) e trabalho. O processo de convencer a minha família e a mim mesmo em certos momentos (um processo que durou dois anos) que o risco (de ser assaltado em Merkato, morrer de Malária, receber uma educação ineficiente, ser detido pelo governo, ter a minha mão devorada por um leão, etc) valeria a pena exaustou minha ânsia de vir. Eu estava ficando indiferente. E como o sentimento de indiferença é perigoso. Apenas na hora de voar para a Etiópia que meu espírito se renovou.”

(texto original de Andrew Heavens)

 

O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.

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