Peru: Mapa colaborativo da contaminação de água em comunidades indígenas

Esta postagem foi originalmente publicada no The Engine Room.

No Peru, a economia está em franco crescimento [en] graças, em grande parte, aos muitos bilhões de dólares investidos na indústria extrativa (petróleo e mineração). À medida que mineradoras iniciam seus novos projetos, que impactos exercem sobre as pessoas que vivem nas proximidades? Um problema é o de fontes contaminadas de água [es] que causam doenças e morte.[en]  Na Amazônia Peruana – e em outras partes do mundo – como indivíduos podem vir a responsabilizar as indústrias mineradoras pelos impactos que causam – água e alimentos envenenados, e intensificação de conflitos são alguns poucos exemplos?

O projeto La Cuidadora [es] proporciona uma rede de compartilhamento de informações para auxiliar comunidades indígenas a melhor se proteger contra esses impactos. Utilizando um desdobramento do Ushahidi (traduzido como Shipibo na língua indígena), as informações colhidas nas comunidades são relatadas, mapeadas e, aí então, distribuídas para organizações nacionais e canais de comunicação, assim como para a própria população afetada.  Para que funcione, La Cuidadora depende de seu relacionamento com ONGs de base comunitária, como a  Defensa Indigena [es] e a Coordinadora Nacional de Derechos Humanos.[es] Seus relatos têm sido reproduzidos em conversas nacionais sobre projetos de mineração polêmicos [en & es] como – por exemplo – nesta troca de mensagens no Twitter [es] alguns dias atrás.

La Cuidadora

Plataforma de mapeamento de La Cuidadora

Entrevistei o fundador, Jonattan Rupire, [es] e perguntei-lhe de que forma ampliaria a ação da La Cuidadora se pudesse contar com maior montante de recursos. Ele disse que a transformaria em um sistema melhor desenvolvido de alerta precoce, e teria Cuidadoras treinadas em cada comunidade.  Ele escolheria vilarejos localizados ao longo de rios que se originam nos topos de montanhas sob escavação, até suas bases. Uma Cuidadora no topo da montanha detectaria contaminação no rio e enviaria uma mensagem de texto para as Cuidadoras localizadas em pontos mais abaixo.  Ao tomar conhecimento da contaminação, os moradores dos vilarejos teriam maiores chances de conseguir, juntamente com seus vizinhos, evitá-la.

É ótimo poder proteger as vidas das pessoas dos impactos diários trazidos pela mineração e prospecção, mas de que forma este trabalho poderia também criar um maior grau de transparência e responsabilização por parte das indústrias de mineração? Ao melhorar a eficiência do sistema de alerta precoce, La Cuidadora estaria, simultaneamente, expandindo sua base de dados e criando uma ferramenta mais robusta de defesa dos direitos dos cidadãos. A inclusão de um componente que oferece utilidade imediata para os membros da comunidade – a possibilidade de salvar vidas vem a ser um incentivo forte de participação  – aumenta drasticamente a probabilidade de sucesso, num prazo mais longo, da meta de defesa por melhores práticas baseada em dados levantados ao longo dos anos. Na verdade, faz com que um processo de levantamento de dados que não oferece benefícios às comunidades participantes no curto prazo, venha a parecer uma tolice total.

O sistema esquematizado no diagrama acima seria concretizado numa distribuição de ferramentas de software de código aberto desenhadas, expressamente, para este objetivo. Utilizando esta distribuição, outras comunidades afetadas pelas indústrias mineradoras poderiam, mais facilmente, copiar o trabalho da La Cuidadora.  Isto incluiria as localizações do Ushahidi para línguas indígenas, o sistema taxonômico, a estrutura de texto das mensagens sobre contaminação trocadas entre líderes dos vilarejos e os aplicativos de cartões SIM e de pórticos SMS que fossem mais adequados para a iniciativa.

Em que outro lugar do mundo os sistemas de alerta precoce foram combinados com defesa dos cidadãos no sentido de provocar maior transparência e responsabilização por parte da indústria de mineração? Diga o que você sabe sobre isto nos comentários.

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