Chile: Protesto estudantil contra redução de horas de Ciências Sociais

Imagem do autor, Juan Arellano

Não faz muito tempo que os estudantes chilenos foram notícia por causa de uma caminhada de mais de mil quilômetros realizada para protestar por qualidade e contra os custos da educação em seu país. Entretanto, recentemente, uma decisão das autoridades educacionais inflamou o debate ao reduzir as horas de sala de aula dedicadas a temas de Ciências Sociais para aumentar as dedicadas às matemáticas e à linguagem. Isso é parte de uma reforma educacional [es] proposta pelo presidente Sebastián Piñera. Um post [es] no blog Sebastián Piñera E. en la Presidencia de Chile ressalta que com o projeto serão geradas importantes mudanças curriculares:

“Con este proyecto, se incrementará la subvención escolar preferencial para los alumnos más vulnerables hasta casi duplicar la subvención regular y generará cambios curriculares para fortalecer el aprendizaje, incluyendo más horas de lenguaje y matemáticas.”

“Esta reforma se hace cargo del momento, y apuesta por el uso de las nuevas tecnologías en las salas de clases y en los hogares, ya que habrá material pedagógico disponible en forma gratuita por internet”

“Com este projeto, será incrementada uma concessão escolar preferencial aos alunos mais vulneráveis até praticamente duplicar a concessão regular, e serão geradas mudanças curriculares para fortalecer a aprendizagem ao incluir mais horas de linguagem e matemáticas.”

“Esta reforma leva em consideração o momento e aposta no uso de novas tecnologias em salas de aula e em casa, já que material pedagógico será disponibilizado gratuitamente na internet.”

A despeito desses pontos interessantes, Cristián Cox, diretor do Centro de Estudos de Políticas e Práticas em Educação [es], expressou sua opinião [es] especificamente contrária à mudança curricular em sacrifício das ciências sociais no jornal La Tercera:

Historia y Ciencias Sociales es el área que organiza los contenidos y experiencias de aprendizaje para la convivencia con los otros, cercanos y distantes, que ofrece los relatos fundamentales de lo que somos como nación, y que genera los fundamentos tanto de la lealtad con el orden político como de su crítica. Es, en suma, el área de la experiencia escolar que forma para el civismo y la ciudadanía. Aquí no basta “dictar materia”: lo que el currículum plantea es el trabajo de documentación histórica, discusión de evidencias y marcos interpretativos, producción de ensayos y debates. Todas actividades que requieren más tiempo, no menos, que la pedagogía tradicional. Junto con el recorte objetivo de 200 horas, el mensaje es claro: la formación ciudadana no es importante.

História e Ciências Sociais compõem uma área que organiza conteúdos e experiências de aprendizagem para a convivência com os outros, próximos e distantes, que oferece relatos fundamentais de o que somos como nação, e que gera fundamentos tanto de lealdade como de crítica à ordem política. É, em suma, a área da experiência escolar que forma para o civismo e a cidadania. E não basta “ditar a matéria”: o que o currículo propõe é o trabalho de documentação histórica, discussão de evidências e marcos interpretativos, produção de ensaios e debates. Todas as atividades demandam mais tempo, e não menos, que a pedagogia tradicional. Junto ao corte objetivo de 200 horas, a mensagem é clara: a formação cidadã não é importante.

Gonzalo Tapia, em seu blog no jornal El Día, manifestou sua opinião sobre todo o pacote de medidas educacionais do presidente Piñera, do qual a redução de horas faz parte, expressando que [es]:

- Aumento en las horas de clases en Lenguaje y Matemáticas. Concuerdo plenamente con ello, es necesario, pero debe buscarse otros mecanismos para ajustar el Plan de Estudios, nunca en desmedro de la asignatura de Historia. Jamás.

- Aumento das horas de aulas em Linguagem e Matemáticas. Concordo plenamente com isso, é necessário, mas deve-se buscar outros mecanismos para ajustar o Plano de Estudos, nunca em sacrifício das aulas de História. Jamais.

Devido a tudo isso, um grupo de professores, acadêmicos, estudantes e autoridades entrou em acordo para realizar uma marcha de protesto [es] em Santiago para manifestar seu rechaço à diminuição da carga horária de História nas escolas. Dias antes, estudantes das universidades de La Serena e Pedro de Valdivia  já haviam marchado em protesto [es] pelo mesmo tema. Seguramente, no entanto, não imaginaram que seriam severamente reprimidos por “carabineros” (policiais locais). A seguir, os vídeos da marcha:

A manifestação terminou com 15 pessoas detidas [es], embora outros falem de apenas 5 [es]. Em manifestação poucos dias antes, um fotógrafo fora detido [es]. No blog Correo SR, publicou-se um comunicado da Faculdade de Filosofia e Humanidades UCH sobre a marcha, na qual, entre outras coisas, dizem que:

Cabe señalar que los manifestantes en todo momento marcharon por la vereda del sector sur de la Alameda, tal como había sido acordado … con el Capitán Rodríguez de la Prefectura Central de Carabineros. […]

Mientras se sucedían los últimos discursos en un clima entusiasta pero sereno, una delegación de diez académicos … se dirigió a las dependencias del MINEDUC a hacer entrega de la Declaración … pero cuando se encontraban haciendo ese trámite, estallaron incidentes debido a la actitud de los efectivos de Fuerzas Especiales de Carabineros presentes en el lugar que, desconociendo el acuerdo previo … pretendieron -sin que mediara la más mínima provocación por parte de los manifestantes- que los centenares de personas reunidas en el bandejón central de la Alameda despejaran el lugar.

Testigos presenciales, entre ellos varios académicos de la Universidad de Chile y de otras universidades, aseveran que apenas la delegación de profesores se encaminó al Ministerio, los carabineros empezaron a hacer uso del carro lanzaaguas y de gases lagrimógenos para disolver a quienes pretendían seguir manifestándose pacíficamente sin molestar ni interrumpir el tránsito de vehículos ni de peatones.

É bom ressaltar que os manifestantes marcharam todo o tempo pelo caminho do setor sul da Alameda, tal como havia sido acordado … com o Capitão Rodríguez da Prefeitura Central de Carabineros.

Enquanto eram proferidos os últimos discursos com entusiasmo, mas serenos, uma delegação de dez acadêmicos … se dirigiu às dependências do MINEDUC (Ministério da Educação) para entregar a Declaração … mas quando faziam esse trâmite, ocorreram incidentes devido à atitude dos efetivos das Forças Especiais dos Carabineros no local, que, a desconhecer o acordo prévio …, agiram para que – sem que houvesse uma mínima provocação da parte dos manifestantes – as centenas de pessoas reunidas no canteiro central da Alameda evacuassem a área.

Testemunhas, entre elas vários acadêmicos da Universidade do Chile e de outras universidades, asseguraram que foi só a delegação de professores se encaminhar ao Ministério, que os carabineros começaram a usar jatos d'água e gás lacrimogênio para dispersar aqueles que pretendiam continuar se manifestando pacificamente, sem atrapalhar nem interromper o tráfego de veículos ou pedestres.

A oposição política chilena (“La Concertación” [es]), está sendo bastante crítica [es] à reforma educacional proposta pelo governo de Piñera. Mas não se trata simplesmente de uma oposição em si; no El Quinto Poder podemos ver por meio da tag “educación” os artigos mais recentes dedicados ao tema desta reforma educacional, e há argumentos de peso para, pelo menos, meditar un pouco mais a respeito de sua aplicacão em certos pontos. Vale mencionar que a página no Facebook “No a la reduccion de horas en Historia y Ciencias Sociales” [es] já conta com 11,625 seguidores até este momento.

O autor Juan Arellano esteve em Santiago durante o protesto e filmou os dois vídeos deste post. Este post foi adaptado para o Global Voices; o post original se encontra no Globalizado [es].

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