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Activista moçambicana fala do impacto das redes sociais no país

Categorias: África Subsaariana, Moçambique, Ativismo Digital, Liberdade de Expressão, Mídia Cidadã, Mulheres e Gênero, Política, Tecnologia

[Esta entrevista [1] foi publicada originalmente na plataforma Olho do Cidadão [2] a 10 de Junho de 2013.]

Ludmila Maguni (@_mwaa_ no Twitter e Instagram) [3]

Ludmila Maguni (@_mwaa_ no Twitter [4]e Instagram [3])

Numa altura em que mais moçambicanos adoptam as ferramentas da internet para contar ao mundo a sua realidade local, assim como para partilhar com o local aquilo que acontece no mundo, falamos com Ludmila Maguni, influente ativista moçambicana no Twitter, que falou do impacto que as redes sociais estão a produzir na sociedade moçambicana.

Estima-se que somente 4,8% dos 25 milhões de moçambicanos tenham acesso a internet [5] (dados de 2012). Em Moçambique, a internet e as redes sociais constituem um espaço onde há uma maior abertura de expressão. Em termos de liberdade de imprensa, o país encontra-se na posição 73 no relatório [6] publicado pela Organização Repórteres Sem Fronteiras referente a 2013.

Tal como acontece com grande parte dos moçambicanos com acesso a internet, Ludmila usa-a para informar-se, socializar e entreter-se. No Twitter é conhecida por @_Mwaa_ [4]. É natural de Maputo, mas identifica-se como cosmopolita, ou em outras palavras, cidadã do mundo. Conforme descreve no seu perfil “1º Moçambicana, 2º Africana e 3º  Cidadã do Mundo”. As suas publicações são feitas em português e inglês. 

Ludmila defende que as redes sociais estão a ter sucesso em Moçambique porque as pessoas se sentem livres de interagir uns com os outros e de partilhar informação:

Quando falamos de redes sociais, a primeira coisa que nos vem a cabeça são as redes sociais que usamos no dia a dia pela internet, mas penso que não podemos nos esquecer que naturalmente os seres humanos sempre se organizaram em grupos, e as redes sociais sempre existiram. E penso que é por isso que as redes sociais eletrônicas tem tanto sucesso hoje em dia, porque naturalmente sentimos vontade de nos comunicar uns com os outros, de partilhar informação, etc.

E graças as redes sociais, os cidadãos ganharam coragem para debater os assuntos do país de forma aberta e frontal:

Os Moçambicanos estão a usar esta plataforma para expressarem os seus sentimentos (bons ou maus) sobre o nosso pais, sobre o que está acontecendo na vida política do país e no dia-à-dia. Todos nós como cidadãos temos uma palavra a dizer sobre o que quer que seja, penso que com a capa das redes sociais muitos ganham coragem e conseguem realmente dizer o que lhes vai na alma.

Ludmila acredita que as redes sociais podem de alguma forma servir de ponte entre os cidadãos e os governantes:

Conheço alguns países em que através do Twitter, Facebook, blogs, os governos usam estes instrumentos para estarem mais próximos do cidadão, gostaria que em Moçambique também fosse assim.

Ludmila Maguni é chefe de Departamento de Sistemas de Informação no Ministério da Ciência e Tecnologia de Moçambique. No mês de Dezembro esteve envolvida na organização da terceira edição do evento Hackathon [7] que decorreu na Cidade de Maputo [8] e que tinha como objectivo promover o desenvolvimento de aplicações para telefones celulares que respondam a necessidades específicas do mercado.