Yoani Sánchez visita o Brasil dividindo opiniões

Ela finalmente conseguiu. Depois de sucessivas tentativas para deixar Cuba, Yoani Sánchez desembarcou em Recife na madrugada do dia 18 de fevereiro. Com uma agenda cheia no país, que inclui estados como a Bahia e São Paulo, a sua digressão também deve passar por México, Estados Unidos, Argentina, Canadá, Peru, Espanha, Itália, Polônia, Alemanha, República Tcheca, Países Baixos e Suíça, onde morou entre 2002 e 2004. A recepção no Brasil teve protestos de simpatizantes do governo cubano.

Em um de seus primeiros tweets em solo brasileiro, Yoani (@yoanisanchez) observou boa qualidade na conexão:

#Cuba Mi primer tweet conectada a #Internet en #Brasil… waooo que conexión más rápida :-)

#Cuba Meu primeiro tweet conectada a #Internet no #Brasil…uau, que conexão rápida :-)
Yoani morou na Suiça entre 2002 e 2004 (Foto: Cristian Eslava, no Flickr)

Yoani morou na Suiça entre 2002 e 2004. Foto: Cristian Eslava, no Flickr (CC BY-SA 2.0)

Ainda no microblog, se disse impressionada ao ver, ainda no aeroporto, pessoas falando abertamente sobre política:

Me asombró ver a varios empleados aeropuertarios de #Brasil hablar en voz alta y francamente de política. En #Cuba hablan en un murmullo

Me impressionou ver vários empregados do aeroporto no #Brasil falarem sobre política em voz alta e francamente de política. Em #Cuba falam murmurando

Em Feira de Santana, no estado da Bahia, o documentário Conexão Cuba-Honduras, no qual ela é uma das entrevistadas, seria apresentado na noite de segunda-feira (18/02).

No entanto, devido a manifestações promovidas por militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido Comunista do Brasil (PC do B), a projeção não ocorreu.

http://youtu.be/HTcpoo1uqs4

Pelo Twitter, o jornalista Marcos Rolim (@RolimMarcos), no dia 18 de fevereiro, vociferou contra o ato:

O que Yoani fez para merecer este ódio? Pensar diferente do partido único de Cuba? Exigir que todos os cubanos tenham acesso à internet?

Rolim ainda disse:

A imbecilidade dos protestos é tamanha que só o que esses militontos irão conseguir é mais isolamento para suas ideias do séc. XIX.

A dissidente ficou conhecida em 2007, quando o correspondente da Agência Reuters em Cuba, Esteban Israel, publicou uma matéria sobre seu blog, Generación Y. Ela também mostra bastante atividade no Twitter [en], com mais de 417.000 seguidores.

O blog Jornalismo B, de Alexandre Haubrich (@alexhaubrich) fala, em artigo publicado no dia 27 de janeiro, que “a blogueira cubana é, há anos, estrela internacional da luta imperialista contra a Revolução Cubana”. O texto relata:

Yoani é uma peça interessante no tabuleiro que sedia a luta entre a Revolução Cubana e o imperialismo capitalista. Ela usa a mídia internacional para se promover e ganhar dinheiro – muito dinheiro, como indicam ao menos as premiações que recebe – ao mesmo tempo em que é usada como fonte principal de tudo o que se fala sobre Cuba, sempre com o direcionamento de ataques frontais ao governo cubano.

Yoani Sánchez conseguiu autorização para sair de Cuba (Foto: Andre Deak, no Flickr)

Yoani Sánchez conseguiu autorização para sair de Cuba Foto: Andre Deak, no Flickr (CC BY 2.0)

De acordo com o Portal Imprensa, a viagem é uma chance para que ela rebata as acusações “de receber dinheiro do governo dos Estados Unidos e ser uma agente da CIA”.

Crítico das atividades de Yoani Sánchez, o jornalista francês Salim Lamrani condena as distinções financeiramente remuneradas recebidas por Yoani no período de alguns anos, num total de 250 mil euros. O artigo do Opera Mundi republicado no dia 18 de fevereiro no Portal Vermelho indica:

isto é, um montante equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial, e a 1.488 anos de salário mínimo em Cuba.

No texto, ainda são indicados outros pagamentos:

A isso se soma o salário mensal de seis mil dólares concedido pela Sociedade Interamericana de Imprensa, que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, e que decidiu nomeá-la vice-presidente regional por Cuba de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação5. O jornal espanhol El País também decidiu nomeá-la correspondente em Havana, e lhe paga um bom salário.

Em determinado momento, Yoani afirmou ser contra o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba:

É uma atrocidade impedir que os cidadãos norte-americanos viajem a Cuba, do mesmo modo que o governo cubano me impede de sair de meu país.

Os que apoiam as ações da dissidente, acusam o governo brasileiro de colaborar com o governo cubano na repressão. Texto publicado no Blog do Coronel, diz que um plano de espionagem teria o apoio logístico do governo brasileiro, comandado pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

O que Yoani não sabe é que, apesar da distância que separa o Brasil de Cuba – 5 000 quilômetros -, ela não estará livre dos olhos e muito menos dos tentáculos do regime autoritário. Para os sete dias em que permanecerá no Brasil, o governo cubano escalou um grupo de agentes para vigiá-la e recrutou outro com a missão de desqualificá-la a partir de um patético dossiê. Uma conspirata oficial em território estrangeiro contra quem quer que seja é uma monumental afronta à soberania de qualquer nação.

Conforme o portal Brasil 247, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, emitiu, no dia 17 de fevereiro, uma nota na qual nega qualquer contato com Havana.

A Secretaria-Geral ressalta que não tratou, nem autorizou nenhum servidor a tratar, da visita da cubana Yoani Sánchez ao Brasil. A Secretaria-Geral não foi informada de reunião na embaixada cubana nos termos relatados pela revista. A suposta participação do servidor Ricardo Augusto Poppi Martins será devidamente apurada quando de seu retorno ao Brasil.

O Blog do Edson Sombra relata que Alvaro Dias (PSDB), senador da bancada de oposição ao governo de Dilma Rouseff (PT), convocará o Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e o secretário-geral, Gilberto Carvalho, para prestar esclarecimentos.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse, neste sábado (16), que pretende convocar os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), bem como fazer um convite ao embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora Rodríguez, para que compareçam ao Senado para falar sobre a suposta mobilização capitaneada pelo embaixador contra a blogueira cubana Yaoni Sánchez, conforme revelado pela revista “Veja”. Segundo a publicação, o embaixador de Cuba teria organizado uma reunião no dia 6 de fevereiro com militantes de partidos de esquerda brasileiros na tentativa de montar uma estratégia para denegrir a imagem da bloqueira cubana Yoani Sánchez.

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