Bangladesh: críticas à mídia no caso do jovem assassinado diante das câmeras

Na segunda-feira, 10 de dezembro de 2012, Bangladesh celebrou o Dia dos Direitos Humanos com o objetivo de chamar a atenção [bn] para questões envolvendo direitos das mulheres, dos jovens, das tribos, das comunidades pobres e marginalizadas, e trazê-las para o debate da mídia de massa e das políticas públicas. Entretanto, naquele mesmo dia, as notícias que capturaram a imaginação da nação e povoaram as manchetes dos principais jornais, revistas e canais de televisão foi o assassinato brutal [bn] de Biswajit Das, 24, diante do público e da mídia.

Talvez ele estivesse no lugar errado e na hora errada. Biswajit foi esfaqueado em meio ao violento enfrentamento entre as alas estudantis dos partidos políticos da situação e da oposição. Alegou-se que os quadros governistas tomaram Biswajit por membro da oposição, bateram nele e o esfaquearam repetidamente com armas pontiagudas em plena luz do dia e às vistas do público. Mais tarde, o jovem morreu a caminho do hospital. O acontecimento chocante ocorreu em 9 de dezembro, durante uma manifestação organizada pela oposição, envolvendo o bloqueio de estradas.

Imagens e vídeos de Biswajit sendo esfaqueado tornaram-se virais no Facebook e no Twitter. Muitos usuários do Facebook em Bangladesh crtiticaram o incidente e publicaram essas imagens perturbadoras como forma de protesto em suas páginas. Elas foram amplamente compartilhadas, alarmando os internautas com a ideia de que esse tipo de coisa poderia facilmente ocorrer com eles também.

Clashes on The Street

O protesto por meio do bloqueio de estradas em todo o país, promovido pela aliança de oposição, que reúne 18 partidos, foi encerrado depois da morte de quatro pessoas e dos atos de vandalismo e incêndios criminosos que se espalharam por várias regiões. Imagem por Ibrahim. Copyright Demotix (9/12/2012).

No status [bn] de Pavel Mohitul Alam no Facebook, lia-se o seguinte:

অবরোধ চলাকালে বিশ্বজিৎ কুমার দাস নামের এক পথচারীকে ধারালো অস্ত্র দিয়ে কুপিয়ে হত্যা করেছে ছাত্রলীগ কর্মীরা।
আমিও একজন পথচারী। বিশ্বজিতের জায়গায় আমি নিজেকে কল্পনা করেছি। বিশ্বজিৎ আর আপনার-আমার মধ্যে তো কোনো পার্থক্য নেই। আজ বিশ্বজিৎকে কুপিয়ে হত্যা করা হয়েছে, কাল রাস্তায় হাঁটতে গিয়ে যে আপনি বা আমি খুন হবো না, সেই নিশ্চয়তা কে দিবে?
স্বাভাবিক মৃত্যুর অধিকার বিশ্বজিতের ছিলো না, আপনার বা আমারও নেই।

Durante o bloqueio, Biswajit Das, um pedestre que estava passando pelo local, foi esfaqueado até a morte por  quadros da Liga de Chhatra. Eu também sou um pedestre; não há diferença entre Biswajit e você ou eu. Estou assustado por pensar que você ou eu poderíamos facilmente acabar dessa maneira brutal – quem pode nos assegurar de que não será assim? Biswajit não teve direito a uma morte normal – o mesmo vale para você e para mim. [Nota do Tradutor da versão em inglês: a Liga Chhata é a ala estudantil do atual partido no poder em Bangladesh – o Bangladesh Awami League].

Antes disso, muitos outros perderam suas vidas em violentos conflitos políticos em Bangladesh. Infelizmente, nenhum dos assassinatos foi esclarecido ou chegou à justiça. O blogueiro Russel Pervez lamentou [bn]:

… বিশ্বজিতের মতো মানুষগুলো জনসংখ্যা শুমারীতে নিছক একটা অঙ্ক হিসেবে বেঁচে থাকে আর এমন রাজনৈতিক অপমৃত্যুতেও শুধু মৃতের ঘরে একটা বাড়তি টালির দাগ হয়ে মিলিয়ে যায়।

Pessoas como Biswajit passam suas vidas como um simples número no censo populacional. Quando desaparecem, suas mortes inesperadas, acidentais, são simplesmente adicionadas à contagem de corpos.

Críticas à mídia

Enquanto Biswajit era esfaqueado, muitos repórteres de meios impressos e canais de televisão estavam presentes, mas nenhum se mobilizou para salvá-lo. Ao invés disso, eles estavam todos ocupados tirando fotos e filmando o incidente. Suas ações foram duramente criticadas nas redes sociais, especialmente no Facebook.

Murtala Ramat escreveu [bn]:

একটা মানুষকে কোপানো হচ্ছে, মারতে মারতে মেরে ফেলা হচ্ছে আর সংবাদকর্মীরা ক্যামেরা নিয়ে ছবি তুলতে ব্যস্ত!রক্তাক্ত মানুষটার জন্য অ্যাম্বুলেন্স ডাকারও সময় নাই! শেষ পর্যন্ত এগিয়ে আসতে হলো এক রিক্সায়ালাকে! প্রশ্ন জাগে সাংবাদিকতা কী মানবিকতার উর্ধ্বে উঠে গেলো নাকী!

Uma pessoa está apanhando e sendo esfaqueada e os repórteres estão ocupados tirando fotos. Eles não tiveram tempo nem mesmo de chamar uma ambulância. Ao final, foi um puxador de riquixá que ajudou Biswajit. A pergunta que somos forçados a fazer é: ‘a reportagem tornou-se uma prioridade maior que a resposta humanitária'?

Os fotógrafos e as equipes de TV filmaram as atrocidades e ninguém tomou a iniciativa de proteger as vítmas. Imagem por Ibrahim. Copyright Demotix (9/12/2012).

Ali Sayed Mahbub comentou [bn]:

… মঙ্গলবার ও হরতাল। আমাকে অফিসে যেতে হবে। পথচারী আমিও হবো। মিছিলের মাঝে পড়বো। ককটেল ফুটবে। ভয়ে দৌড় দিবো। তখন ছাত্রলীগ বা ছাত্রদল বা ছাত্র শিবির অন্য পক্ষের মনে করে আমাকেও এভাবে চাপাতি দিয়ে কুপিয়ে লাশ বানাবে।

২০টা টিভি চ্যানেলের ৪০ জন কর্মী, ২০টা নিউজ এজেন্সির ৪০ জন সাংবাদিক, অসংখ্য পুলিশ, অসংখ্য জনতা আমার মৃত্যুবরণ দৃশ্য দেখবে, ভিডিও করবে। ১০টা চাপাতিধারী পশুর বিরুদ্ধে ১০০ জন মানুষ দাঁড়াবে না। তারা ভিডিও করবে-হত্যা নিয়ে নিজস্ব প্রতিষ্ঠানের কাটতি বাড়াবে। আমার মত অধমের মৃত্যুর মূল্য বেড়ে যাবে বহুগুণ।

Na terça-feira há outro protesto programado. Eu terei que trabalhar nesse dia e terei que passar pela manifestação. As bombas vão cair e eu correrei assustado. Daí, a Liga Chhatra ou outro grupo político-estudantil vai me confundir como membro da oposição e me mutilar até a morte.

Quarenta jornalistas de vinte canais de TV e um número similar de jornalistas de meios impressos, um grande contingente de policiais e o público vão ficar parados e presenciar, fotografar e filmar o meu assassinato brutal, mas mesmo uma centena de pessoas não se levantarão contra meros dez bandidos bradando suas espadas. A mídia estará ocupada acompanhando os índices de audiência dos seus canais e aumentando as vendas de seus prórpios jornais e revistas. O preço da minha morte subirá várias vezes e aumentará sua vantagem competitiva.

Ekramul Haque Shamim postou o seguinte [bn]:

পুরান ঢাকার জজকোর্ট এলাকায় চাপাতি দিয়ে কুপিয়ে, রড দিয়ে পিটিয়ে, লাঠির বাড়িতে রক্তাক্ত করে মারা হয়েছে বিশ্বজিৎ দাসকে। বার বার সে চিৎকার করে নিজেকে নির্দোষ দাবী করলেও তাকে রেহাই দেওয়া হয়নি। আশেপাশে এতো এতো মানুষ তা দেখছে, এতো এতো মিডিয়া ব্রেকিং নিউজের জন্য ফুটেজ সংগ্রহ করছে, এদের কেউ বিশ্বজিৎ দাসকে বাঁচানোর জন্য চেষ্টা করলো না!

Na região de Old Dhaka Judge Court, Biswajit Das apanhou com barras de ferro e foi repetidamente esfaqueado até morrer. Ele permaneceu gritando que era inocente e apenas passava por ali, mas não o deixaram em paz. Havia tanta gente em volta, tantos profissionais da mídia gravaram o ocorrido para seus plantões de notícias, mas nenhuma pessoa tentou salvar Biswajit!

Fire on vehicles

Ativistas da aliança liderada pelo BNP, composta por 18 partidos, atearam fogo em alguns veículos em Kanchpur, Narayanganj, durante os protestos nacionais com bloqueio de estradas. Imagem por Ibrahim. Copyright Demotix (9/12/2012)

Em contraponto, o fotojornalista Hasan Bipul protestou contra as críticas [bn] destinadas à mídia nesse incidente. Ele comentou:

কোনোমতেই একমত পোষণ করতে পারছি না শামীম। যার যা কাজ তারই সেটা করা উচিৎ। এই ছেলেটিকে রক্ষা করার প্রথম দায়িত্ব রাষ্ট্রের এবং রাষ্ট্রের পক্ষ থেকে রক্ষার প্রথম উদ্যোগটি আসা উচিৎ ছিল পুলিশের কাছ থেকে। মিডিয়ার কাজ জন নিরাপত্তা দেয়া নয়।

Sinto muito, Shamim, mas eu simplesmente não posso concordar com você a esse respeito. Todo mundo deve cuidar do seu trabalho. Não é papel da mídia oferecer proteção aos cidadãos. Esse papel é do Estado, e como agente do Estado, era papel da força policial entrar em ação para salvar o rapaz.

Apesar disso, pessoas como PsychoSaika não estão dispostas a aceitar essa lógica e tuitaram [bn]:

@princess_saika: “তুই মানুষ, না সাংবাদিক?” – এই সময়ের জন্য একটা ভালো গালি হতে পারে এটা!

“Você é um humano ou um repórter?” – Essa pode ser uma boa, e moderna, maneira de repreender alguém.

Inicie uma conversa

Colaboradores, favor realizar Entrar »

Por uma boa conversa...

  • Por favor, trate as outras pessoas com respeito. Trate como deseja ser tratado. Comentários que contenham mensagens de ódio, linguagem inadequada ou ataques pessoais não serão aprovados. Seja razoável.