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Síria: Guardas do Regime Mataram Mãe de Blogueira

Categorias: Oriente Médio e Norte da África, Síria, Direitos Humanos, Guerra & Conflito, Mídia Cidadã, Política

Este post faz parte da nossa cobertura especial Protestos na Síria em 2011 [1] [en]

A blogueira [2] e ativista [3] síria Marcell Shahwaro, de Aleppo, perdeu sua mãe, Marianne Hhawwaro, quando defensores do governo atiraram contra o carro em que ela estava, na manhã de 17 de junho. Internautas de diversas partes do mundo escreveram suas condolências para a amiga pela perda.

De Beirute, a co-fundadora e diretora da Arab Digital Expression Foundation [4] [ar], Ranwa Yehia, escreveu no twitter:

@ranwayehia [5]: when tragedy hits home, all of a sudden the pain of thousands accumulating hits in one big wave & crushes u RIPMarianne

Quando a tragédia bate a casa, subitamente a dor de milhares adensa-se numa grande onda e joga-se contra você Descanse em Paz Marianne
مرسيل ووالدتها في ملصق صممه المدون الأردني محمد القاق على فيسبوك تقديراً لها. [6]

Marcell e sua mãe em um cartaz produzido e compartilhado pelo blogueiro jordaniano Mohammed Al Qaq, em tributo à mãe martirizada.

Em três tweets, Yehia cita Marcell, em reação à morte da mãe da blogueira:

١/٢ [7]: اول تعليق للمدونة السورية مارسيل شحوارو بعد استشهاد والدتها برصاص النظام ليلة البارحة في ‎‫#حلب‬‏: “كل الوقت كنت متوقعة الموقف يكون بالعكس.

Estes são os primeiros comentários da blogueira síria Marcell Shehwaro após o martírio de sua mãe, que foi morta pelas balas do regime síria na noite de ontem [17 de junho]. “Sempre esperei que a situação fosse a oposta 1/3

٢/٣ [8]: تابع “أنو أنا اللي عم روح عالموت برجليي استشهد وتبكي عليي وكنت دايما اقنعها انو تتذكر أنو هاد خياري وقضيتي وما تزعل عليي!”

continuação: “Pensei que seria eu a encontrar a morte aos pés dela, eu que seria martirizada, e que ela choraria por mim. Eu sempre tentei convencê-la de que isso era uma escolha minha, a minha causa, e que ela não deveria ficar triste por mim 2/3

٣/٣ [9]: تابع “بس أبداً ما كنت متوقعة الوجع يكون بالعكس”

3/3 O que eu não esperava é que a dor fosse no sentido contrário.”

Em post de 27 de Maio, Marcell escreveu:

عندي أم كلما بتفتح عالأورينت ، بتدور ع وشي بين صور اللي استشهدو او اعتقلو .. وأمي بتحبني قد ما أمك بتحبك ،
وبجي بشوف عيونها هالقد من البكي لما بتسمع ” وأني طالع اتظاهر ودماتي بإيديا وان جيتك يما شهيد ما تبكين عليا “.

Também tenho uma mãe que procura a minha fotografia entre aqueles mortos e detidos toda vez que passa o noticiário. Minha mãe me ama tanto quanto a sua, e eu vejo o quanto ela chora toda vez que ela escuta a música: “eu vou sair para protestar e seguro minha vida em minhas mãos. Se eu retornar a você como um mártir, por favor, não chore por mim.”
صورة من حائط مرسيل على فيسبوك، تصف فيها الظروف التي أدت إلى استشهاد والدتها، مشاركة رهف قنباز على تويتر. [10]

Uma captura de tela de atualização no Facebook de Marcell, que descreve as circunstâncias da morte de sua mãe – compartilhada por Rahaf Konbaz pelo Twitter

Rahaf Guenbaz compartilhou [11] no Twitter uma captura de tela do Facebook de Marcell. Na sua atualização, ela escreveu:

They suspected the car my mother was in with another young woman and a young man because the car was being driven in the opposite direction on a street which didn't have a sign which said which direction traffic was supposed to flow in. The guards whose guns had ammunition did not care…to shoot in the air .. to shoot at the car tires .. they insisted on shooting the car. The car escaped the shooting and passed them. They discovered it was a car, whose occupants did not fire at them but the person who took the decision to shoot continued to shoot. Shooting means shooting..
So the guards, who are members of the party, shoot the car from behind. That simple.
This bullet cost my mother her life and prevented her from being in my life.
To those who believe that it is armed gangs. It is armed gangs who killed my mother. They are the armed gangs who make up this regime.

Suspeitaram do carro em que minha mãe estava com uma moça e um rapaz, porque o carro estava sendo guiado na direção oposta numa rua que não tinha sinalização para indicar o sentido do tráfego. Os guardas tinham armas com munição e não se importaram em atirar para o céu… ou atirar nos pneus… eles insistiram em atirar contra o carro. O carro escapou dos tiros e os ultrapassou. Perceberam que os ocupantes do carro não atiravam de volta, mas a pessoa que tomara a decisão de atirar continua a atirar. E atirar significa atirar…
Então os guardas, que são membros do partido [Baath], atiraram contra a traseira do carro. Simples assim.
E essa bala custou a morte de minha mãe e impediu que ela estivesse comigo.
Para aqueles que acreditam que foram gangues armadas, foi uma gangue armada que matou minha mãe. São as gangues armadas que compõem este regime.

Os internautas de todo mundo transmitiram seus sinceros pêsames a Marcell pela sua perda, via Facebook e Twitter.

Este post faz parte da nossa cobertura especial Protestos na Síria em 2011 [1] [en]