Palavras de rejeição à utilização das ferramentas de comunicação online proferidas pelo Presidente de Moçambique Armando Guebuza, num discurso feito perante uma audiência de jovens apoiantes do histórico partido no poder, Frelimo, na sessão de encerramento do Comité Central da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), no passado mês de Março, levantaram ondas nas redes sociais.
Guebuza afirmou que ferramentas como o Facebook e o Twitter, têm “o potencial de se transformar em espaços geradores de representações, fábricas de sonhos inalcançáveis e de infinitas miragens e expectativas que podem levar à secundarização da cultura de trabalho, promovendo o espírito de mão estendida”.
O jornal parceiro do Global Voices, @Verdade, publicou um editorial em que critica a polémica afirmação, cuja motivação real, defende, seria o silenciamento das vozes críticas:
Guebuza disse que os jovens precisam de deixar de ser fofoqueiros e intriguistas e entregarem-se ao trabalho. (…)
Ao invés de ministrar “palestras de motivação”, onde pudesse dar aos jovens dicas de como se edifica um património económico em tão pouco tempo, o Presidente da República prossegue indiferente ao eleitor, ao povo, aos jovens e à opinião pública, demonstrando o desprezo absoluto por alguns princípios básicos da democracia.
Sempre a tentar mandar poeira para os olhos do povo. Deves andar borrado com as redes sociais, deves ter pesadelos de te acontecer uma à Ghadaffi. Então toca de tentar minimizar a utilidade dessas ferramentas. Mas os jovens têem sempre aquela veia de rebeldia, além de que não gostam de receber ordens de velhotes que se escondem atrás do passado para impingirem a sua doutrina.
O historiador e analista político Egídio Vaz, reagiu numa nota que foi republicada no blog de Antonio Kawaria, Reflectindo sobre Moçambique:
um abraço a todos jovens que usam o facebook como ferramenta para o exercício dos seus direitos de cidadania (…). na verdade, recorramos as palavras do Presidente Samora Machel que se tornaram em máxima frelimista de então: Quando o inimigo nos ataca é porque estamos no caminho certo. Pelos direitos de cidadania, inalienáveis e não-negociáveis, Viva o facebook
Um dos comentários deixados na mensagem de Egídio Vaz, assinado por Tchaka, acrescentava:
na juventude [de Guebuza] não havia internet, redes sociais, etc., ele e o seu partido estão com dificuldades de perceber as tendências modernas da juventude e têm medo do poder que as novas ITC [Tecnologias de Informação e Comunicação] trazem para a mente juvenil.
Num encontro do Parlamento Juvenil em Inhambane, o jornalista José Belmiro, recusando as ameaças latentes a quem quer fazer ouvida a sua voz, finalizou:
Nós jovens não podemos nos calar (…) Expor ideias não quer dizer que seja do contra ou da oposição. Significa que sou sujeito do meu destino (…) Nós jovens temos a responsabilidade de romper com o ciclo do medo
2 comentários
boa tarde amigos, nao faco juizo do discurso de Guebuza, mas apelo que a gente procure sempre perceber o que o outro quiz dizer….sera que achamos que ele tinha mas intencoes? quanto tempo a gente passa online no facebook? se alguem se poder emendar por causa dessa polemica toda…que se emende. mas na verdade muitos dos meus amigos queimam muito tempo no facebook enquanto poderiam estar a (procurar emprego, ler noticiarios, produzir algo rentavel, visitar doentes, escrever artigos sobre a conjuntura nacional e internacional, fazer desporto, rezar, descobrir novas coisas, etc.
António Mesquita, posso garantir-lhe que a preocupação do Presidente não tem haver com o tempo que se perde no facebook, mas sim com a quantidade de jovens que agora te um campo para exteriorizarem as suas ideias e mostrar que nem todos estão aqui a dormir enquanto eles fazem e desfazem