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Estados Unidos: Indig-Nación, o Jornal em Espanhol do Occupy Wall Street

Categorias: América do Norte, Estados Unidos, Ativismo Digital, Etnia e Raça, Mídia Cidadã, Mídia e Jornalismo, Migração e Imigração, Política, Protesto

Este post é parte de nossa cobertura especial #Occupy Worldwide [1].

O Indig-Nación [2] [es], um grupo com afinidades relacionadas ao Occupy Wall Street [3] (OWS), movimento da cidade de Nova Iorque, está querendo estabelecer laços com a comunidade latina nos Estados Unidos e no mundo de língua hispânica através de um projeto de mídia alternativa com conteúdo original em espanhol também intitulado Indig-Nación (um jogo de palavras entre indignação e nação). Este projeto tem seu próprio website e um jornal que será distribuído em Nova Iorque, o local de origem do movimento Occupy nos Estados Unidos.

Aqui está um vídeo sobre o Indig-Nación (em espanhol com legendas em inglês):

Em uma entrevista anterior ao Global Voices [4], o tradutor para a edição espanhola do Occupy Wall Street Journal – Mariné Pérez – explicou que a idéia de um jornal com artigo originais foi entusiasticamente discutida durante a Primeira Assembléia Geral do OWS. Finalmente, após vários meses de preparação, a primeira edição do periódico está sendo distribuida agora. Essa edição serviu para mobilizar as pessoas a participarem da greve geral de 1º de Maio de 2012.

Nós entrevistamos Sofía Gallisá Muriente [5], uma artista e ativista de Porto Rico e parte do grupo editorial do Indig-Nación, para falar sobre o lançamento desse projeto de mídia.

Global Voices (GV): Como você se envolveu com o Occupy Wall Street?

Sofía Gallisá. Fotografada by Cristina Agostini, utilizado sob permissão.

Sofía Gallisá. Fotografada by Cristina Agostini, utilizado sob permissão.

Sofía Gallisá (SF): Isso foi realmente estranho. Eu estava no concerto do Manu Chao e eu ouvi um grupo de ativistas falando e os vi subindo uma plataforma para anunciar o protesto inspirado na Primavera Árabe e os protestos ocorreriam na Espanha. Eles explicaram que era a vez dos Estados Unidos, particularmente em Nova Iorque (por ser a capital internacional do mundo financeiro).
O protesto ocorreu em 17 de setembro, eu cheguei cética e cínica por causa das minhas experiências anteriores com outros protestos na cidade mas eu pensava que dessa vez poderia ser diferente. Eu acampei na primeira noite e rapidamente compreendi como o movimento era forte.

GV: As pessoas têm criticado a natureza “descentralizada” do OWS, mesmo aqueles que estão envolvidos no movimento. o que você pensa a respeito disso?

SG: Essa descentralização criou problemas e oportunidades. o próprio jornal foi estruturado de forma descentralizada. Isso aconteceu porque nós estávamos preocupados Isso aconteceu porque nós estávamos preocupados que não haveria artigos originais sobre temas pertinentes ao movimento, especialmente escritos em espanhol; e dado que a mídia tradicional é limitada e manipuladora, nós decidimos agir. Preferimos nos focar em nosso potencial. Se eu vejo uma falta em algum lugar, eu me organizo com outros para atender esta fraqueza. A descentralização criou um sistema de auto-correção. Essa estruturas sem hierarquias não estão abertas para juízes ou estabelece culpados, mas nós formamos uma parte da solução.

GV: Nos post intitulado  “Somos muchos” [6] [es] você reagiu contra as acusações feitas sobre a falta de latinos no movimento OWS. Você foi longe ao sugerir que “queles que tentam desacreditar a ocupação freqüentemente acabam revelando seus próprios preconceitos quando eles tentam identificar-nos, à primeira vista e associar-nos com uma visão simplória de identidade latina”. Você poderia elaborar sobre isso?

SG: As acusações não param de chegar até ele se torna um insulto. Quem são os latinos legítimos? Sabemos que a comunidade latina é um grupo completamente diversificado de pessoas, e é essa diversidade que vemos representados no movimento. Nós não nos conformarmos com as noções típicas do que é ‘Latino’.

Lançamento do partido pelo Indig-Nación no Brooklyn Commons, em Nova Iorque, organizado pela equipe editorial. Fotografado por Josué Guarionex.

Lançamento do partido pelo Indig-Nación no Brooklyn Commons, em Nova Iorque, organizado pela equipe editorial. Fotografado por Josué Guarionex.


GV: Nós sabemos que o Indig-Nación foi lançado em 14 de abril, o que as pessoas podem fazer para ajudá-lo?

SG: As pessoas que querem colaborar com o projeto, com conteúdo, tradução e/ou arte podem entrar em contato via editors@indig-nacion.org. Aquelas que querem fazer doações podem visitar nosso portal [7]. O jornal será distribuído nas comunidades latinas, nas marchas e em outras ocupações que ocorrem no noroetes dos Estados Unidos. Ele terá uma versão disponível na internet em formato PDF. A impressão desse jornal é muito importante, pois é o momento perfeito para atrair as pessoas para participar nos protestos em 1º de maio.

GV: Por que usar a internet? Quais contatos gostaria de estabelecer?

SG: Nós esperamos que o Indig-Nación nos auxilie a entrarmos em contato com outras blogosferas da América Latina e, com isso, aprendermos com outras experiências de luta. Esta não é a primeira crise que motivou protestos e ativismo. Nós queremos criar novas redes de comunicação e colaboração.

GV: Como é que as próximas edições serão financiadas?

SG: Neste momento, o projeto está sendo financiado por coleções e doações. Nós temos estatuto não-lucrativo 501(c)3 apoiado pelo Occupied Media, então casa doãção está isenta de impostos. Além disso, continuaremos realizando eventos como festas e campanhas tal qual a Indiegogo.

GV: Bem, como as publicações são pertinentes a situação atual dos imigrantes e dos latinos nos Estados Unidos, você está pensando sobre colaborar com ativistas na América Latina?

SG: Nós sabemos qie essa não é a primeira crise que causou protestos e ativismo. Um dos principais objetivos do Indig-Nación é criar conexões entre OWS e a América Latina, utilizando linguagem e desenhos interessantes que sejam acessíveis e criativos. Nós esperamos que esse projeto sirva de início de uma coloboração com outras blogosferas na América Latina com as quais nós aprenderemos mais sobre outras lutas.

Equipe editorial do Indig-Nación: Pablo Benson, Silva Sofia Gallisá Muriente, Mariano Muñoz Elías, Stephanie McGuinness, Martín Cobián, Patricia González Ramírez, Rojo Robles, Mariné Pérez, Edén Bastida Kullick. Tradução:  Teresa Elías. Web Design: Leonardo Velázquez. Equipe de Design: Zak Greene, Ingrid Burrington.

Este post é parte de nossa cobertura especial #Occupy Worldwide [1].

Você pode encontrar INDIG-NACION [2] no Facebook [8] e Twitter @INDIG_NACION. Destaque da imagem INDIG-NACION [2] no Facebook [8].