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Guiné-Bissau: Blogger Preso e Espancado Depois de Golpe de Estado

Categorias: África Subsaariana, Guiné-Bissau, Ativismo Digital, Direitos Humanos, Governança, Guerra & Conflito, Liberdade de Expressão, Mídia Cidadã, Mídia e Jornalismo, Política, GV Advocacy

Quando aconteceu o golpe de estado na Guiné Bissau [1],  na noite de quinta feira, 12 de Abril, quem queria acompanhar os acontecimentos pela internet sabia exactamente onde encontrar relatos a partir do local – no blog do jornalista António Aly Silva, Ditadura do Consenso [2].

Aly Silva é um dos bloggers mais importantes – se não o mais importante – deste pequeno país de África Ocidental, com pouco mais de um milhão de pessoas (leia a entrevista [3] do Global Voices em Novembro de 2010). É uma figura controversa, que não esconde as suas inclinações políticas. Ainda assim, ninguém se equipara a ele em termos de longevidade, frequência de publicação e dedicação ao blog.

António Aly Silva

Na noite de quinta feira, ele era um dos cidadão-repórteres que tentavam transmitir actualizações da conturbada capital, Bissau. Aly reportava a partir do Hospital Nacional com micro-posts, fazendo com que o seu blog parecesse um “blog em directo”.

Mais tarde relatou que as visitas ao seu blog atingiram um pico na noite de quinta feira, chegando às 50.000 (comparativamente ao mínimo diário de 2.500).

Na sexta feira de manhã, Aly publicou fotografias [1] dos estragos na residência do candidato presidencial Carlos Gomes Jr, cujo paradeiro era ainda desconhecido depois dos eventos nocturnos. Depois de escrever sobre os movimentos dos oficiais militares de topo, veio o silêncio. Ao que parece foi detido quando estava a fotografar ou reportar perto de instalações militares, e não é claro se quem o capturou sabia da dimensão da sua audiência online.

À tarde começou a circular no Twitter que Aly Silva teria sido preso, e nos telejornais da noite em Portugal, este cidadão da Guiné e Portugal já era causa célebre.

Foi criado um grupo no  [4]Facebook [4] a pedir a sua libertação, que rapidamente juntou mais de 1.800 membros.  No Twitter, a sua foto era divulgada [5] por muitos internautas.

Cerca de 10 horas depois do seu último post, Aly Silva voltou a aparecer [6], dizendo que tinha sido libertado “depois de uma coronhada que [lhe] cortou a orelha de cima a baixo”.  Aly diz que foi espancado e detido na histórica Fortaleza São José de Amura [7], onde grande parte do seu equipamento de reportagem foi roubado pelos oficiais militares [8] que o atacaram.

O seu último post “SOS: Preciso de um computador!” [9] deixa claro que a sua capacidade de blogar foi afectada pela detenção e roubo.