Japão: Grande Polêmica das Baleias

Poucos dias depois que “The Cove” recebeu o Oscar de melhor documentário [en] por chamar a atenção do público e da mídia mundo afora para a questão da caça aos cetáceos, Peter Bethune, o líder do grupo anti-caça à baleia, Sea Shepherd, foi preso em Tóquio [en], reaquecendo a polêmica entre o Japão e a Austrália – Nova Zelândia.

O ativista do grupo de protesto é acusado de invasão, em fevereiro, por ter embarcado num navio baleeiro japonês no oceano Sul para tentar realizar uma prisão cidadã de seu capitão acusado de ter afundado o navio Sea Shepherd um mês antes (como anteriormente relatado [en] para o Global Voices por Kevin Rennie).

Ady Gil. By Flickr id: james975.

Ady Gil. Por james975 no Flickr.

Embora o programa japonês de caça a baleias [en] seja autorizado somente para fins científicos e a maioria do povo japonês não inclua carne de baleia como seu prato favorito, a colisão com a embarcação anti-caça às baleias da Nova Zelândia atiçou o sentimento de nacionalismo [jp], mesmo que fraco, no país.

Porém, sentimentos reacionários também são evidentes na divulgação da prisão de Peter Bethune no website oficial do Sea Shepherd [en].

The Japanese whaling ship Shonan Maru 2 arrived in Tokyo today with the first New Zealand prisoner of war to be transported to Japan as a political prisoner since World War II.As soon as his foot touched Japanese soil, Captain Bethune reestablished himself as a national hero in New Zealand and an international hero in Australia, France, Britain, the United States, and every other country whose citizens deplore the continued illegal whaling activities of the Japanese whaling fleet.

O navio baleeiro Shonan Maru 2 chegou em Tóquio hoje com o primeiro prisioneiro de guerra neozelandês a ser transportado para o Japão como prisioneiro político desde a Segunda Guerra Mundial. Tão logo pisou em solo japonês, o Capitão Bethune reestabeleceu-se como herói nacional da Nova Zelândia e um herói internacional na Austrália, França, Inglaterra e Estados Unidos da América, e cada um dos outros países cujos cidadãos deploram as constantes atividades baleeiras ilegais da frota baleeira japonesa.

No Japão, alguns encaram as atividades anti-baleeiras da Nova Zelândia e da Austrália como um ataque à cultura gastronômica de seu país e se perguntam por que a carne de baleia deveria ser proibida enquanto que carne de gado e de porco não o são [jp]. Isto coloca em destaque a disputada diferença entre mandar para o matadouro animais supostamente inteligentes versus animais não inteligentes.

Em alguns casos, a mídia japonesa embarcou mais e mais na onda da polêmica sobre a questão. James, no Japan Probe [en], escreve sobre ‘Bankisha,’ o show da emissora japonesa NTV, relatando a questão do Sea Shepherd. Ele diz que na primeira parte do show, a atenção é dada à análise das fontes de financiamento e do orçamento do Sea Shepherd.

The second half of the clip is about Sea Shepherd’s next target: the bluefin tuna fishing in the Mediterranean. It looks like many countries have teamed up to ban the fishing of the species, and since 80% of the catch is sold on the Japanese market, it is being interpreted as yet another attack on Japan’s cultural traditions.
Joining the reporters in the studio are an art director who does marketing for many of Japan’s famous brands and a legal scholar. The legal scholar points out how America used to kill whales for oil. He also thinks the American position towards Japanese whaling is influenced by an underlying hostility that the “white world” [白人社会] feels towards Japanese. The art director thinks that Japan needs to do a better job at presenting its case to the world, as so many people in other countries don’t understand why Japanese people eat whale meat.

A segunda metade do vídeo é sobre o próximo alvo da Sea Shepherd: a pesca ao atum-rabilho no Mediterrâneo. Parece que muitos países se uniram para banir a pesca da espécie, e porque 80% da pesca é vendida no mercado japonês, isto está sendo interpretado como mais um ataque às tradições culturais do Japão.
Junto aos repórteres no estúdio estão um diretor de arte, que faz o marketing para muitas marcas famosas do Japão, e um acadêmico do Direito. O acadêmico do Direito chama a atenção para como os Estados Unidos costumavam matar baleias para retirar o óleo. Ele também acredita que a posição americana em relação à pesca à baleia no Japão é influenciada por uma hostilidade subliminar que o “mundo branco” tem em relação aos japoneses. O diretor de arte pensa que o Japão precisa fazer um trabalho mais bem feito de apresentar seu caso ao mundo, pois um grande número de pessoas de outros países não compreendem o porque dos povo japonês comer carne de baleia.
16 de dezembro de 2008. Sea Sheperd encontra um baleeiro japonês. Foto por guano, no Flickr

16 de dezembro de 2008. Sea Sheperd encontra um baleeiro japonês. Foto por guano, no Flickr

Masablog, entretanto, não concorda com os que usam a cultura gastronômica como contra-argumento, o que considera redutivo.

何となく日本たたきのようにこの問題をとらえていたが、ちょっと違うみたいだなあ。
日本人の反論としてよくあるものに、じゃあアメリカ人は牛を食べるが、それと何が違うんだ?鯨を助けても牛の数が減るだけだ、というものがある。これに対 しては、単に鯨は知能が高いからかわいそうだということではなく、殺すのに時間がかかるので人道的に問題があるという議論があるようだ。

Anteriormente, havia considerado esta questão no contexto de sentimentos anti-Japão, mas não parece ser este o caso.
Como contra-argumento, alguns japoneses se perguntam qual a diferença entre os americanos comerem carne de gado [e os japoneses comerem baleia]. Um outro seria que mesmo as baleias sendo protegidas, levará a um decréscimo no número de vacas. No entanto a discussão real parece ser humanitária, levando em conta o fato que leva mais tempo matar uma baleia. A questão não é sobre as pessoas terem uma empatia com as baleias por causa da grande capacidade intelectual desses animais.

Akki afirma que condena os métodos usados pelo grupo dos animalistas.

私自身は捕鯨については賛成も否定もしませんが
(いまどきの高価な鯨を食べるようなお金もないですし)
彼らのやり方は、どう理由があろうがはなはだ迷惑な行為であり
危険であります。本当にケガ人が出たらどうするつもりなんだろう。

Pessoalmente, eu nem concordo nem discordo com a pesca à baleia. (De qualquer jeito, não tenho tanto dinheiro assim para comer carne de baleia.) Entretanto, os métodos usados, independente da questão, são simplesmente perigosos e problemáticos. O que acontecerá se alguém se machucar?
Pare com a caça às baleias. Por alisonlongrigg, no Flickr.

Pare com a Pesca às Baleias. Por alisonlongrigg, no Flickr.

O blogueiro australiano Youngmarxist pede uma revisão mais precisa das normas da IWC (Comissão Internacional de Pesca às Baleias) que regulamentariam a atividade em níveis internacionais [en]:

Reports are hitting the media about draft amendments to international whaling rules that are meant to bring Japan, and other whaling nations, back under the rule of the International Whaling Commission. The amendments in effect will allow nations that are already killing whales to keep on doing so with the approval of the IWC, provided that they limit the numbers of whales they catch. The exact limits are yet to be decided, and of course will only apply if the draft amendments pass.[…]
If this plan ends the ridiculous hypocrisy that is “scientific” whaling, so much the better. There is no reason that whales should be treated any differently to any other resource. Whales should be managed properly, so they aren’t recklessly driven extinct, but there’s no good moral reason to privilege the “rights” of whales over the right of humans to hunt them.

Relatos chegam à mídia sobre mudanças nas regras da pesca internacional de baleias com o intuito de trazer o Japão, e outras nações que praticam a pesca à baleia, de volta às normas da Comissão Internacional de Pesca às Baleias. As mudanças na lei, na verdade, permitirão que nações que já matam baleias continuem com suas atividades com a aprovação da IWC, desde que limitem o número de baleias caçadas. Os limites exatos ainda devem ser decididos, e logicamente se aplicarão somente se as mudanças nas regras forem aprovadas.[…]
Se este plano acabar com a hipocrisia ridícula que é a pesca “científica” à baleia, melhor. Não há razão para que as baleias sejam tratadas de maneira diferente de qualquer outro recurso. As baleias deveriam ser monitoradas de forma apropriada, para que não sejam levadas à extinção, mas não há razão moral boa o suficiente para conceder privilégios aos “direitos” das baleias acima do direito dos humanos de caçá-las.

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