Geórgia: Noticiário-zombaria causa pânico

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No sábado, 13 de março, a emissora nacional de televisão Imedi levou ao ar uma reportagem-zombaria afirmando que tanques russos invadiram a Geórgia e que o presidente estava morto. Exibido às 8 da noite, no horário habitual das notícias do dia, a mais confiável emissora do país (de acordo com o estudo do ano passado [feito] pelo Cáucaso Research Resource Center) ofereceu à sua audiência o pior cenário possível do que poderia acontecer uma semana depois das eleições municipais previstas para o final de maio na capital do país, Tbilisi.

De acordo com este cenário, a oposição poderia tomar o poder e transformar o país em uma confederação e aliada da Rússia. Ademais, algumas tropas georgianas decidem não defender o Presidente Saakashvili e, ao invés disto, defender o governo provisório da oposição. As imagens que acompanham a reportagem-zombaria, assim como o âncora do programa, eram exatamente as mesmas que as das reportagens regulares, além da breve introdução informando aos telespectadores que o que se seguiu foi uma simulação de eventos possíveis.

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Captura de tela da reportagem-zombaria na rede Imedi – RFE/RL

No entanto, utilizando-se de filmagens da guerra de 28 de agosto com a Rússia apresentada no formato de um programa regular de notícias, [as imagens] causaram pânico momentâneo no país. “Requiem de um Sonho Georgiano“, como os produtores a chamaram, detalhando um fim apocalíptico para a democracia na Geórgia, após os líderes da oposição Nino Burjanadze e Zurab Noghaideli, que recentemente fizeram amizade com o presidente da Rússia, tomarem o poder.

Durante o programa, que durou meia hora, alguns moradores de vilas próximas às zonas de conflito informaram terem fugido para as florestas próximas para escapar do que eles acreditavam ser um avanço de tropas russas, enquanto pessoas chocadas ligaram para a ajuda de emergência, se alinharam em mercearias e caixas eletrônicos, e carros pararam em postos de gasolina, preocupados [com o fato de que] a história recente estava se repetindo.

A companhia privada, que também transmitiu o mesmo programa no rádio, violou o Código de Conduta para Radiodifusores, que diz que re-encenações devem ser evitadas ou, ao menos, claramente identificadas como tal, enquanto cidadãos ultrajados protestavam em frente à estação de TV.

Uma blogueira local, Dodka estava entre as 300-500 pessoas [que protestavam em frente à estação de TV] e postou atualizações no Facebook. Acusada por alguns de ser uma provocadora porque ela disse estar lá para protestar contra a ação da Imedi ao invés de para apoiar a oposição, ela também postou algumas fotos.

Protesto em frente da TV Imedi por Dodka

Protesto em frente da TV Imedi por Dodka

ოპოზიციამ, რა თქმა უნდა, შანსი ხელიდან არ გაუშვა და უხვად წარმოგვიდგა, ასე ვთქვათ. თუმცა მთავარი ფიგურა ბურჯანაძე იყო. ჩემი მეგობარი, რომელიც იქ დამხვდა, საერთოდ გამოეცალა და ცდილობდა მოშორებით დამდგარიყო, მაგ ქალის გვერდით არ ვიქნებიო.

A oposição, claro, não perdeu a chance e estava representada por vários membros, mas a figura principal era Nino Burjanadze. Um amigo meu, que eu encontrei lá [no protesto], tentava evitar a multidão ficando um pouco afastado, e especialmente [afastado] “daquela mulher”. [Burjanadze]

Outras pessoas também ficaram online para ventilar sua raiva. Uma das primeiras reações em blogs e Facebook vieram de Rocko, na forma de um excerto, do código de radiodifusão acima mencionado.

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Outro blogueiro,  Dv0rsky argumentou que a decisão de levar ao ar o programa ficou a cargo de Giorgi Arveladze, Diretor da Imedi TV, e do ex-ministro da economia que é amigo de longa data do presidente georgiano, especialmente após uma corte em Gibraltar decidir que Ina Gudavadze, viúva do antigo dono da Imedi, tinha o direito de reclamar parte da propriedade de seu marido, entre outras, ações da estação de TV.

ადვილი მისახვედრია, რომ იმედის ჟურნალისტები არაფერ შუაში არიან დღევანდელ სიუჟეტთან – მათ მხოლოდ ის გააკეთეს, რაც დაავალეს. დამვალებელმა კი ძალიან კარგად იცოდა – თუ ტელევიზიას კარგავს და სხვას უნდა გადასცეს, მაშინ ჯერ ყველა ღონეს იხმარს და ჩაძირავს მას, შემდეგ კი მიატოვებს განწირულ ხომალდს.

Não é difícil compreender que os jornalistas da Imedi TV não tiveram nada a ver com o programa de hoje – eles fizeram o que haviam sido ordenados a fazer. E [Averladze] quem deu a ordem sabia muito bem que se ele estava perdendo o canal iria usar quaisquer meios para afundá-lo antes de abandonar o barco.

Fazanda ironicamente  endereçou um post àqueles que justificaram a decisão de transmitir o programa.

მათ რომ ჰკითხო, თურმე ხალხს არ უნდა შეშინებოდა, რომ ეს შიში უფრო საგანგაშოა, რადგან არველაძემ ე.წ. Wake Up Call გაგვიკეთა და ამის გამო მას კი არ უნდა ვემდუროდეთ, არამედ გულებში უნდა ჩავიხედოთ თურმე.

Se você perguntar a eles [aqueles justificando a decisão da Imedi TV de transmitir o programa], [eles diriam que] as pessoas não deveriam ter sentido medo [da reportagem] porque era um alerta de Arveladze. Eles deveriam ter sentido medo disso, e ao invés de culpá-lo, deveríamos todos estar procurando por nossas almas.

Outras opiniões foram compartilhadas por Sweet, Zurrius, Tiny e Gabo, que estavam no teatro aproveitando “Noite de Reis” de Shakespeare quando os presentes começaram a receber ligações informando-os da invasão imaginária e da morte do presidente. Os atores pararam sua performance, mas retornaram depois que descobriram que a história era falsa. De volta ao palco, eles conversaram com as poucas pessoas que restaram no hall, e o líder [dos atores] deu aos blogueiros o título de seus posts depois que ele disse que “o teatro é imortal”.

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