Brasil: Dicas do Pipoqueiro Valdir para enfrentar a crise

Bem antes do início da crise econômica global, um pipoqueiro brasileiro já estava a a caminho de se tornar um empreendedor muito famoso no país, fazendo apenas o que ele sempre fez: vendendo pipoca na rua, mas com um toque pessoal. Valdir Novaki, de 36 anos, costumava trabalhar como bóia-fria até chegar em Curitiba, em 1988, onde começou a trabalhar como jornaleiro e em seguida como motorista de estacionamento. Sua ambição, no entanto, era conseguir uma licença para abrir o seu próprio carrinho de pipoca, e se tornar um homem de negócios bem-sucedido. O maior sonho de Valdir era virar o melhor e mais bem qualificado pipoqueiro do Brasil. E ele conseguiu.

Veja aqui o perfil dele:

If every one can have a website, why a popcorn seller could not have one?

“Se todo mundo pode ter um site, por que um pipoqueiro não pode?”

Foram 12 anos de espera até que a licença da prefeitura saísse, e no momento que o sonho de Valdir se tornara realidade, ele já estava no mercado há 3 anos, operando o carrinho de pipoca licenciado que ele alugava de um amigo. Ao ter a sua própria autorização de funcionamento, Valdir pôde vender pipoca em um ponto fixo na Praça Tiradentes, onde ele trabalha desde então. Os negócios cresceram rapidamente, de uma forma nada convencional para um segmento tão limitado. Álvaro Borba nos conta o que Valdir tem de especial, e o que faz com que ele seja tão atraente aos consumidores – ele conseguiu inovar em um ramo onde a maioria das pessoas consideraria que não existe espaço para a imaginação:

O novo carrinho foi levado para a Praça Tiradentes, o marco zero de Curitiba, e ganhou uma identidade visual feita especialmente para ele. Surgiu, também, o kit higiene, que inclui palito de dente, guardanapo, balinha de hortelã (sempre providencial depois da comilança) e material promocional elogiando a qualidade dos ingredientes, aos quais o pipoqueiro hoje se refere como “insumos”. No bolso frontal dos uniformes usados por ele foram estampados os dias da semana, para que o freguês tenha a certeza de que Valdir não usa hoje a roupa suja de ontem. Por fim, foi criado um plano de fidelidade para beneficiar os mais assíduos e um site (saboreie aqui) para divulgar a marca Pipoca do Valdir.

website

Valdir oferece duas promoções especiais por meio de cartões fidelidade: em uma delas, o cliente ganha um saco de pipoca de graça para cada cinco comprados. Na segunda, chamada “dúzia de dez”, o cliente paga adiantado por dez pipocas e ganha doze. No site, há um mapa para o seu ponto de sempre para que novos clientes o encontrem e uma descrição detalhada dos equipamentos e produtos, incluíndo os fornecedores de matéria-prima. Valdir também compartilha receitas de pipoca e curiosidades no site, além de testemunhos de fregueses. Há ainda informações sobre o trabalho voluntário que desenvolve para a instituição para pessoas portadoras de deficiências Pequeno Cotolengo e com o hospital oncologista Erasto Gaertner, para onde ele leva seu carrinho de pipoca para animar as crianças. Também há informações relacionadas a sua nova atividade profissional: palestras de marketing e negócios.

Valdir, on a lecture for a bank

Valdir, durante palestra. Foto do site dele.

Apesar de não ter tido a oportunidade de terminar a escola primária, Valdir agora dá conselhos a estudantes e empresários de todos os níveis. Há pouco mais de um ano, ele começou a viajar o Brasil passando suas dicas motivacionais e idéias para empreendimentos adiante, e levando inspiração. Algumas de suas idéias de como tocar os negócios vieram de Ricardo Coelho um consultante e professor de marketing e negócios, e freguês da Pipoca do Valdir. Ele conta que viu no pipoqueiro um talento natural, e desde então vem lhe ajudando a dar um passo adiante e a se tornar palestrante:

Todos nós sabemos da importância em ajudar quem quer ser ajudado e a satisfação de participar do sucesso destes nossos parceiros. Isto ocorre comigo, quando referendo o pipoqueiro Valdir como um exemplo vivo do que é ser empreendedor e como a prática é uma escola com muito mais conteúdo do que muitos livros de grandes pensadores mercadológicos.

Marina, que confessa ser viciada em pipoca, nos conta em primeira mão a experiência como freguesa e explica porque Valdir é o seu pipoqueiro favorito de todos os tempos:

Com dois reais você compra um BIG pacote de pipoca (que vem com aquela sacolinha para você poder levar melhor pela sua caminhada e onde a ajudante do pipoqueiro faz questão de colocar mais pipoca ). Só que além disso, olha o que é ser pipoqueiro no século XXI: ele coloca um pacotinho com um guardanapo, um palito de dente e uma bala de hortelã. Quer mais do que isso? Ele ainda te atende como se você fosse a melhor cliente, a mais especial e que ele ficou muito feliz em ver! Além de alguns visíveis cuidados de higiene. Para ver, que até no mercado de pipocas é preciso se adaptar… Viva o Valdir, o melhor pipoqueiro do mundo!

The Hygiene Kit - Why didn't anybody think about it before?

O Kit Higiene – Por que ninguém pensou nisso antes?

Geziane de Mattos Diost entrevista Valdir e confirma que ele é extremamente querido, cortês e carismático, uma pessoa que sabe como fazer cada cliente feliz e satisfazer a todos, sempre com um largo sorriso no rosto. Foco, inovação e criatividades são suas palavras-chaves, mas, além disso, ele simplesmente ama o que faz, e isso pode vir a tornar a pipoca que vende um pouquinho mais gostosa que a da concorrência:

Mas o sr. Valdir vive sempre assim, de bom humor? “Ah, todo dia eu tô de bom humor. E o segredo pra isso é a gente olhar pra trás. Se a gente olhar pra trás, vai ver que tem gente muito pior que a gente. Eu tô com saúde, tô trabalhando, minha família não tá passando necessidade… então, é só alegria! Dessa forma a gente supera as dificuldades! Tô sempre com o sorriso no rosto porque eu sempre digo que o sorriso é a menor distância entre duas pessoas. E pra eu ser um pipoqueiro eu tenho que estar feliz!”.

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Valdir trabalhando na sua “nave”, como ele chama o carrinho. As duas fotos são de Bruna Bazzo, usada com a permissão da autora.

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