Arabeyes: Comos os palestinos foram derrotados por si mesmos!

O que está acontecendo na Palestina? Por que os palestinos lutam entre si? O que está dando gás a este conflito? Quem é o vencedor e quem está realmente sendo derrotado? O que mais há vir?

O blogue palestino Haitham Sabbah expressa seus sentimentos de repulsa e tenta responder a esses questionamentos na postagem que eu traduzi do árabe a seguir:

أمر مخجل ما حدث ويحدث في الأراضي الفلسطينية المحتلة. ليس أن يقتل الأخ أخاه فقط، بل أن يستعين بعض الفلسطينيين بأعدائهم للإنتصار (ولو بالظاهر) على أخوتهم – بمعنى أخر، الأنتصار على أنفسهم، مع أن هذا “الإنتصار” هو ليس اكثر من هزيمة للذات. ففي حين أن الطائرات والدبابات والصواريخ لم تهزمهم، هزمتهم ذاتهم العمياء المريضة وأخذتهم نشوة “الهزيمة” فتراهم يحتفلون بالنصر المؤزر المدعوم بدولارات ومساعدات الغرب “السخية” التي لا تظهر سوى في مصائب الشعوب. هذه الدولارات الغير مرئية حين تحتاجها الشعوب في نصرة الحق والعدالة.

“O que vem ocorrendo nos Territórios Ocupados Palestinos é uma vergonha. Não é apenas pelo fato de um irmão estar matando outro, mas também porque alguns palestinos estão recebendo apoio de seus inimigos para retratar vitória (talvez só aparente) sobre seus irmãos. Isto é, eles estão vencendo a si mesmos e essa “vitória” é, na realidade, uma “auto-derrota”. Num momento em que aviões, tanques e foguetes não os derrotam, eles são derrotados por sua própria cegueira. Você os vê agora celebrando a derrota, imaginando que seja uma vitória – uma vitória que está sendo suprida por dólares e um auxílio generoso do Ocidente, que só vem à tona durante as catástrofes do povo. Esses dólares nunca são vistos quando as pessoas necessitam deles para apoiar a justiça e a honra.”

إنه لمن المخجل لدرجة أنني أكتب اليوم بالعربية لأني لن أستحمل شماتة العدو بنا لما آلت إليه أحوال الشعب الفلسطيني مع أني لا أشك أن الشماتة لن تأتي من الغريب فقط، بل أتوقعها من الإخوة العرب على السواء، ولن ألومهم في ذلك. نعم، فليس في الحكاية إلا المذلة والهوان، والشمس لا تحجب بغربال. بعد أن هانت على أنفس القادة المعظمين في فتح وحماس والسلطة الوطنية الفاسدة – عذابات الأرض المغتصبة والأمهات الثكلى.

“Estou tão envergonhado de escrever em árabe, pois não suportarei quando o inimigo rir da situação do povo palestino, apesar de não ter dúvidas de que não serão apenas os estrangeiros a se aproveitar dessa situação. Eu espero isso de nossos irmãos árabes também e não os culpo por isso. Sim. Esta história tem a humilhação resgistrada em si do começo ao fim depois que os grandes líderes do Fateh, Hamas e a corrupta Autoridade Nacional Palestina facilitaram para si mesmos o esquecimento as dores da terra usurpada e a agonia de mães desoladas.”

منذ متى كان لون العلم الفلسطيني أخضر اللون؟ ومنذ متي أصبحت مقاومة الفساد إنقلاب على الشرعية؟ وأي شرعية يتكلم عنها السيد الرئيس الفلسطيني صاحب الكتاب ذو الصفحات الـ 600 التي كتبها بعد أوسلو ولم تتضمن كلمة “الأحتلال” ولو لمرة واحدة؟ هل اصبح اللون الأخضر هو رمز النضال؟ وهل أصبحت الشرعية ما شرع البيت الأبيض وليس ما شرعه الشعب الفلسطيني وجميع المواثيق الدينية والدنيوية؟ هل أصبحت عصابات “القوة التنفيذية” هي الشرعية وجميع أجهزة السلطة الأمنية (الشريف والوطني منها كما العميل والفاسد) مرغمة على إطلاق اللحية وتقصير الجلباب حتى يرضى عنها شيخنا؟ هل اصبحت عصابات “جهاز الأمن الوقائي” هي الدرع الواقي من الإحتلال وكل ما عداها إنقلاب على الشرعية والسلطة؟ وأي سلطة هذه التي يتحاربون عليها؟ سلطة المال والدولة المنهوبة؟ أم سلطة الحق والقانون الحاضر الغائب في كل المناسبات؟ أم سلطة الدين والشريعة والشيخ الذي لا يفرق بين “الجامع والجامعة” – كما قال شاعرنا محمود درويش؟

“Desde quando a cor da da bandeira palestina é verde? Desde quando a corrupção resistente é um golpe contra a soberania? Sobre qual soberania o presidente palestino – que escreveu um livro, após assinar o Acordo de Oslo, que não menciona nem uma vez a palavra “ocupação” em suas 600 páginas – está falando? Será que a cor verde se tornou agora a cor da resistência? Seria agora soberania algo que a Casa Branca dita e não aquilo que o povo palestino concluiu na linha de todos os acordos religiosos e seculares? Teriam os gângsters das “forças executivas” se tornado a única legislação e deveria todo o pessoal das agências das forças de segurança ser forçado a usar longas barbas e túnicas tradicionais curtas (jilhab) para conquistar a simpatia do Sheikh? Teriam os gângsters da Segurança Preventiva se tornado nosso único meio proteção contra a ocupação e seria todo o resto considerado um golpe contra a legitimidade e autoridade? E que autoridade é essa que eles querem? A autoridade do dinheiro e do estado saqueado? Ou a autoridade de retidão e lei, que está ao mesmo tempo presente e ausente em todas as ocasiões? Ou a autoridade da religião, Sharia e um Sheikh, que não sabem a distinção entre uma mesquita e uma universidade – como diz nosso poeta Mahmood Darwish.”

ستون عاما مضت منذ نكبة فلسطين، وأربعون عاما منذ النكسة، لم تهزم فيها إرادة الشعب الفلسطيني من أعدائها، هزمتها الرايات الخضر من جانب، والفساد المستشري في أروقة السلطة الفلسطينية الهرمة من جانب أخر. في الماضي كان الهدف هو تحرير الأرض، كل الأرض، ثم تنازلنا وإكتفينا بقبول الضفة الغربية وغزة، أما اليوم فقد اصبح الهدف هو البقاء في السلطة بغض النظر إن كانت هذه “السلطة” لا تتجاوز غرف المكاتب التي يقبع بها هذا النظام. فأي سلطة، وأي شرعية وأي دولة يتحدث عنها هؤلاء المساكين؟ هل يتوقعون أن يقبل الإحتلال بسلطتهم التي يحلمون بها؟ وإذا إفترضنا أن إسرائيل قبلت، هل يحلمون بأن الشعب سقبل بها ويغفر لهم؟ وبأي ثمن تشترى الشرعية؟ هل ثمنها بضع مئات ملايين من الدولارات التي ستقبضها الحكومة المؤقتة – إن قبضت دولارا منها؟ وهل سيكون عمر الوزارة الجديدة “المؤقتة” بعمر المجلس الوطني الفلسطيني “الأزلي”؟ وماذا عن غزة وأهل غزة؟ ترى كم سيكون ثمنهم؟ وماذا عن الملايين الستة من فلسطينيي الشتات، كم ثمنهم؟ من يمثلهم؟ ومن يحميهم؟ ومن يدافع عن حقوقهم؟

“Já se passaram 60 anos desde o Nakba e 40 desde o Naksa palestinos. Durantes aqueles anos, a vontade do povo palestino nunca foi derrotada por seus inimigos. Eles foram, entretanto, derrotados pelas insígnias verdes de um lado e pela corrupção descontrolada da autoridade ultrapassada, de outro. No passado, a meta era liberar a terra, toda a terra. Então, começamos a recuar e ficamos contentes com o Banco do Ocidente e Gaza. Hoje, visamos a que as autoridades se conservem no poder, apesar do fato de que tudo que essa autoridade tem são algumas poucas funções. De que autoridade, legitimidade e país esse povo miserável está falando? Eles esperam que as forças de ocupação aceitem a autoridade com a qual eles sonham? Suponhamos que Israel aceitasse, eles acham que o povo aceitaria e os perdoaria? Qual é o preço da legitimidade? Seriam algumas centenas de milhões de dólares que o governo provisório espera ganhar – isto é, se é que eles vêem um dólar sequer? E seria o tempo de vida desse novo gabinete temporário tão longo quanto a eterna Autoridade Nacional Palestina? E o que será de Gaza e do povo de Gaza? Quantos eles valem? E os seis milhões de palestinos espalhados pelo mundo? Qual é o preço deles? Quem os representa? Quem os protege? Quem defende os direitos deles?”

وماذا بإخواننا “الحماسيين”؟ أين ذهب تاريخ النضال الشعبي المراق في شوارع غزة؟ هل إرتداء المذيعات الفلسطينيات في تلفزيون فلسطين أهم من ستر عورات ورؤوس اللاجئين في الداخل والشتات؟ من سوي “المجاهدين” من حماس يدنس علم بلاده ويستبدله بخرق خضراء؟ رمز الأمة الذي ضحي الألاف من الشهداء بحياتهم حتي يبقي هذا العلم خفاقا بين كل الرايات وفي كل الميادين أصبح اليوم مداسا لأحذية الأخوة الحماسيين ويطلبون نصرة من شعبهم بعد أن نجسوا دم شهداؤه بفعلتهم. ولكن لا غرابة فيمن إتخذوا من كابول طريقا لتحرير الأقصى. أن تأخذ غزة وأهلها رهينة لتساوم عليها، وتساوم من؟ تساوم خاطف غادر آخر لا يقل عن حماس بالغطرسة والتعالي – “السلطة الشرعية” وحكومة عباس؟. مجرمان والضحية واحدة: تاريخ وشعب ومستقبل واحد. المنتصر منهم خاسر، والخاسر منهم خاسر أيضا.

“O que está acontecendo com nossos irmãos no Hamas? Onde foi parar a história de resistência deles nas ruas de Gaza? Por acaso o vestuário das apresentadoras de televisão palestinas é mais importante que proteger e abrigar os refugiados em casa e fora do país? Quem além dos Mujahedeen do Hamas profana a bandeira de seu país e a substitui por um pano verde? É o símbolo de uma nação na qual milhares de mártires sacrificaram as próprias vidas para que sua bandeira nacional continue sendo erguida cima de todas as insígnias e em todos os quarteirões. Hoje ela está sendo profanada pelos seguidores do Hamas, que chamam os palestinos a apoiá-los. Isso não é estranho vindo daqueles que tomaram Kabul como um exemplo a liderar o caminho para a libertação de Jerusalém. Como podem tomar Gaza e seu povo como reféns para negociar, e negociar quem? Negociar outro usurpador traiçoeiro que não é melhor que o Hamas quando se trata de arrogância e condescendência – a “autoridade legítima” e o Governo de Abba? Dois criminosos com uma só vítima: uma história, um povo e um futuro. Os vitoriosos são perdedores e os perdedores não diferem dos primeiros.”

اليوم غزة وغدا رام الله وبعدها الخليل وبعدها جنين، إلى ما لا نهاية، بل النهاية قد بدأت، ولكن ليس لضياع الأرض، بل النهاية بدأت للفاسدين من هذا الشعب والتائهين على طرق كابول. إن الشعب الفلسطيني لم يكن يوما جبانا ولا ضعيفا حتى يساق للذبح، والتاريخ شاهد. إن ما حدث ويحدث اليوم هو أفضل ما جناه الشعب منذ عشرات السنين. قبل أقل من عامين، لفظ الشعب الفلسطيني الفاسدين منه بالإنتخابات الحرة وكشف عنهم الغطاء وإستبدلهم بمن ظن أنهم أجدر، ولكن، اليوم تكشفت كل الرؤس الصلعاء (مع إحترامي للصلع) وحان قطافها!!
التاريخ لا يرحم، والمستقبل لا يؤجل، ومصير الزمرتين في مزابل التاريخ. إن تاريخ الشعوب لا يباع ولا يشترى، وكذلك المستقبل. إن ما بني على خطأ لا يصلح إلا بالهدم والبناء من جديد.

“Hoje, Gaza e amanhã será a vez de Ramullah. Depois, virá Hebron, seguido de Jenin. O fim já começou e não termina na perda das terras. Ainda há o fim daqueles entre os palestinos que são tão corruptos quanto aqueles que se perderam em seu caminho para Kabul. Os palestinos nunca serão covardes ou animais débeis conduzidos a um matadouro; e a história é testemunha desse fato. O que aconteceu e está acontecendo hoje é o melhor que nosso povo tem visto há décadas. Há menos de dois anos, os palestinos deram sua palavra durante as honestas eleições e fizeram suas escolhas. Hoje, todas as cabeças calvas estão desprotegidas (com todo o respeito aos calvos) e já é hora de cortar essas cabeças fora. A história não é piedosa e o futuro não pode ser adiado. O destino dessas duas facções estará nos detritos históricos. A história do povo não pode ser vendida nem comprada. Seu futuro também não. O que foi construído sobre um erro só pode ser corrigido se for demolido e construído novamente.”

(Texto original por Amira Al Hussaini)

 

 

“O artigo acima é uma tradução de um artigo original publicado no Global Voices Online. Esta tradução foi feita por um dos voluntários da equipe de tradução do Global Voices em Português, com o objetivo de divulgar diferentes vozes, diferentes pontos de vista. Se você quiser ser um voluntário traduzindo textos para o GV em Português, clique aqui. Se quiser participar traduzindo textos para outras línguas, clique aqui.”

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